Terça, 27 Junho 2023 18:50

Cresce nas redes sociais apoio à permanência de Nisia Trindade no Ministério da Saúde

Ministra Nísia Trindade é escolha de Lula para reconstruir o Sistema Único de Saúde (SUS) Ministra Nísia Trindade é escolha de Lula para reconstruir o Sistema Único de Saúde (SUS)

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Cresceu de forma significativa nos últimos dias o número de postagens nas redes sociais em defesa da permanência da ministra da Saúde Nísia Trindade no cargo. Foi uma resposta ao aumento da chantagem que vem sendo feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), através da mídia, visando emplacar um apadrinhado seu do Centrão, no lugar da ministra e ex-presidente da Fundação Oswaldo cruz.

No último domingo, (25/6) pouco depois do meio dia, a frase ‘Nísia Trindade Fica’ entrou nas principais tendências do Twitter. Em menos de três horas, a expressão saiu do 36º lugar da lista para a segunda mais citada, atrás apenas dos comentários sobre o clássico do vôlei masculino Brasil x França.

Lira tem dito através de matérias plantadas na imprensa, vindas de ‘fontes ligadas ao Centrão’, que o governo Lula não terá apoio para aprovar projetos sociais, ‘caso não ceda o Ministério da Saúde’. O Centrão reúne parlamentares de partidos de direita, tidos como os mais fisiológicos do Congresso Nacional. O interesse é se apossar de um dos maiores orçamentos da União, com mais de R$ 200 bilhões. Parlamentares do mesmo grupo também fazem pressão para que o Ministério libere verbas de emendas.

Nísia é a primeira mulher à frente do Ministério da Saúde. Na presidência da Fiocruz desde 2017, também foi a primeira mulher no cargo em 120 anos de história da Fundação. A socióloga e cientista política é referência pela produção científica. Tem mais de 100 publicações entre artigos, livros e textos e participou de eventos no mundo todo. A atuação acadêmica extrapola os muros das universidades há décadas. Além da marca na produção de conhecimento, a nova ministra é reconhecida por atuar para ampliar os diálogos entre ciência e sociedade.

Papel da mídia

A pressão vem sendo enfocada pela mídia empresarial com naturalidade, como se a chantagem ao governo Lula fizesse parte de um jogo político limpo. Na verdade, o que há por trás desta movimentação de Lira e seu grupo, são interesses financeiros que se contrapõe à gestão técnica de Nisia Trindade, voltada para ações de reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), que é público, universal e gratuito.

Além do interesse financeiro dos parlamentares, está o de grupos empresariais, dos quais fazem parte grandes grupos de saúde privados, como planos de saúde, que querem desmontar o SUS para mais à frente justificar a sua privatização.

O governo Lula tem reagido à pressão. Na segunda-feira (19) passada, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou, que a pasta não está disponível para cotas partidárias para nenhuma legenda. Mas negou que houvesse qualquer tipo de pressão direta para mudanças por parte de Arthur Lira.

Lira age nas sombras

"Tanto para mim quanto ao presidente Lula, em nenhum momento o presidente Arthur Lira reivindicou qualquer ministério, em qualquer das conversas que teve fez qualquer tipo de reivindicação ao Ministério da Saúde ou outro ministério do governo federal", disse Padilha.

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já tenha enviado recados claros com garantias de que não vai substituir a ministra, a pressão pareceu continuar neste fim de semana. Internautas identificaram em matérias publicadas pela imprensa empresarial uma tentativa de dar fôlego ao movimento.

Pupilo de Lira

No sábado (25), a revista Veja chegou a fazer uma matéria em que chamava o secretário de Saúde do Rio de Janeiro e deputado federal pelo PP de Lira, Luiz Antônio Teixeira Júnior, o Dr. Luizinho, de "futuro ministro da Saúde escolhido pelo Centrão".

No que parece ser uma tentativa de isolar a ministra, a revista divulgou um texto em que expõe supostas críticas "generalizadas" de parlamentares à Nisia. Nela traz duas ‘fontes ligadas ao Centrão’ para exemplificar a tese que defende. Na quinta-feira anterior (22), uma comentarista da rede de TV Globo News disse que Nísia era acusada de "não ter entregado nada" por parlamentares, referindo-se a emendas de liberação de recursos. 

 

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