Sexta, 23 Junho 2023 15:26

Lula pede prioridade mundial no combate à desigualdade e faz críticas ao neoliberalismo

Presidente brasileiro, em visita à França, faz duras críticas ao FMI e defende Investimentos internacionais no combate à fome e à miséria no mundo
Macron com Lula, em Paris: presidente brasileiro quer ajuda internacional contra a desigualdade e a fome e criticou o modelo neoliberal que acumula cada vez mais capital nas mãos de poucos às custas da miséria de milhões de pessoas Macron com Lula, em Paris: presidente brasileiro quer ajuda internacional contra a desigualdade e a fome e criticou o modelo neoliberal que acumula cada vez mais capital nas mãos de poucos às custas da miséria de milhões de pessoas Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

“O combate à desigualdade tem de ter tanta prioridade quanto a questão climática”. A afirmação foi feita pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na sexta-feira (23), no discurso da cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França.

Lula disse “não ser possível" "em uma reunião entre presidentes de países tão importantes, que a palavra “desigualdade não apareça".

A declaração foi feita na companhia do presidente francês, Emmanuel Macron e foi uma cutucada nas potências capitalistas ocidentais, que ao mesmo tempo que investem bilhões em armas na guerra da Ucrânia, mas tomam iniciativas importantes com ajuda de fundos internacionais para questões do clima no planeta, continuam indiferentes à fome e a miséria no mundo e não tratam com o mesmo emprenho em relação ao combate à discriminação e à desigualdade.  

"Eu vim aqui para falar que, junto com a questão climática, presidente Macron, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que numa reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça. A desigualdade salarial, a desigualdade de raça, a desigualdade de gênero, a desigualdade na educação, a desigualdade na saúde", disse.

Críticas ao neoliberalismo

Para bom entendedor meia palavra basta. Lula criticou o modelo capitalista neoliberal que aumenta o acúmulo de capital nas mãos de poucos bilionários à custa da miséria absoluta da maioria da população mundial.

"Nós estamos num mundo cada vez mais desigual, Cada vez mais a riqueza está concentrada na mão de menos gente. E a pobreza concentrada na mão de mais gente. Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade, e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, ou seja, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo”, acrescentou, dizendo ainda que o Brasil andou para trás nos últimos anos – numa alusão aos governos Temer e Bolsonaro - como muitos outros países andaram para trás".  

A crítica foi direta aos governos neoliberais. O próprio Macron pode ter “vestido a carapuça”, pois desafiou uma greve de um mês dos trabalhadores franceses em protesto contra a reforma previdenciária que elevou em dois anos a idade mínima para a aposentadoria e foi imposta pelo governo francês, sem nenhum diálogo com a sociedade e o movimento sindical.

No discurso, o presidente brasileiro também fez críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que oferece empréstimos para nações em dificuldade financeira, mas sempre com imposições de cortes de investimentos públicos, redução do estado e impondo sacrifícios humilhantes à classe trabalhadora.

O exemplo argentino

“O Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira do Banco Mundial. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI", declarou. Deu como exemplo o caso argentino, em que os empréstimos, segundo o presidente brasileiro, foram feitos de “forma irresponsável” pelo governo anterior, sacrificando o povo daquele país.  

Para Lula, os pedidos de socorros de países em dificuldade ao FMI são frutos de políticas neoliberais que levaram o estado à falência.

“O FMI emprestou 40 bilhões de dólares, 44 bilhões de dólares, para um senhor que era presidente. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro e a Argentina hoje está passando uma situação econômica muito difícil, porque não tem dólar nem para pagar a dívida com o Fundo”, explicou, em clara crítica ao governo neoliberal de Maurício Macri, que governou a Argentina entre 2015 e 2019 e que, segundo insinuou Lula sem citar nomes, foi responsável pela crise do país vizinho e a crise veio estourar nas mãos do atual presidente de centro-esquerda, Alberto Fernandez.

O presidente brasileiro tem feito esforços para ajudar os argentinos e, inclusive, tem um encontro com Fernández em Brasília, na próxima segunda-feira (26). O atual governo brasileiro tem feito aos esforços para que haja uma ajuda internacional à Argentina, inclusive com a ajuda dos Brics, organização de países de mercado emergente, do qual a China, a maior potência mundial em produção industrial do mundo (três vezes maior do que a dos EUA)  faz parte.  

 

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