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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Todos os indicadores do mercado e empresas de consultoria apontam para uma queda da inflação e para o início de uma retomada do desenvolvimento econômico, com o PIB crescendo acima do esperado pelos especialistas, o que deveria levar o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central, a baixar a Selic, a taxa básica de juros, que persiste nas alturas, em 13,75%.
No entanto, segundo a imprensa, Roberto Campos Neto sinaliza que vai manter os mesmos índices, o que é considerado sabotagem política pelo movimento sindical. Por isso, sindicatos e organizações do movimento social realizaram nesta terça-feira (20), manifestações em todo o país para exigir juros baixos. No governo anterior o então ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguiu aprovar no Congresso Nacional e chamada “autonomia” do BC, ou seja, o governo não controla mais a política cambial e de juros.
A luta permanente dos sindicatos contra os juros altos inclui uma campanha nas redes sociais, com as hashtags #JurosBaixosJá e #ForaCamposNeto.
O Copom se reúne nesta terça (20) e quarta-feira (21) para definir a Selic.
Ato no Rio
No Rio de Janeiro, o protesto aconteceu desde às 11h, em frente ao prédio do Banco Central, na Avenida Presidente Vargas, no Centro da Cidade.
“Hoje, um trabalhador que compra um carro para trabalhar de Uber ao final do financiamento paga o valor do produto e mais metade do valor do veículo por causa dos juros. Quando compra uma casa própria, ao final do empréstimo bancário paga três vezes o valor do imóvel”, criticou o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, lembrando que os dois casos foram citados em alegorias na passeata dos trabalhadores de São Paulo, na semana passada.
“O ciclo da economia precisa voltar. A gente vê quantas lojas fechadas nas cidades. O único comércio que ainda cresce são as farmácias, porque a sociedade brasileira está adoecida pela miséria, pela fome, pela exploração e pelo estresse. Nossa luta é em favor de toda a sociedade contra os especulados e o sistema financeiro que só vivem dos lucros. Queremos mais empregos, mais direitos e mais renda. Para isso, é preciso que o BC baixe os juros. Fora Campos Neto”, disse Zé Ferreira.
Juros e reforma tributária
A presidenta da Federa RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso, também criticou a política de juros da direção do BC e destacou a importância da reforma tributária para o Brasil garantir uma sociedade justa.
“Este ato é em apoio a uma proposta de política econômica que venceu as eleições nas urnas. E o Campos Neto, de forma ‘autônoma’, define as altas de juros travando o crescimento da economia. Outro debate importante é realizarmos uma reforma tributária, que está sendo debatida no Congresso Nacional, para acabar com as distorções em nosso país. Nós temos uma carga tributária regressiva em que os trabalhadores e os mais pobres são os mais penalizados, porque a tributação é no salário do trabalhador e no consumo. É fundamental mudar esta lógica e tributar as grandes fortunas, os grandes latifundiários e todos aqueles que podem e devem pagar mais impostos”, disse Adriana, citando como exemplo da injustiça no país, o fato de um motorista de Uber pagar o IPVA anualmente e proprietários de iate e de jet ski não pagarem nada.
Sabotagem política
O vice-presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) Vinícius Assumpção disse que a expressão que sintetiza os protestos nacionais contra os juros é “sabotagem”, lembrando que a autonomia do BC foi aprovada pelo governo anterior e Campos Neto, que é bolsonarista e fez campanha pela reeleição do ex-presidente, está sabotando os esforços do governo Lula, que tem feito a sua parte, tomando medidas que apontam para a redução da inflação e a retomada do crescimento econômico.
“Não será possível retomar o desenvolvimento, a geração de empregos e de renda se a atual direção do BC não baixar os juros”, completou o sindicalista.
Dirigentes sindicais vão à Brasília na quarta-feira (21) se encontrar com membros da Frente Parlamentar Mista, no Congresso Nacional.