Sexta, 16 Junho 2023 14:28

Trabalhadores iniciam campanha permanente contra juros altos em ato no ABC Paulista

Na segunda-feira (19) tem tuitaço com a hashtag #JurosBaixosJá e na terça (20) ocorrerão novos protestos no Brasil
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e vice da CUT Nacional: “Os juros que o BC está praticando são extorsivos, impedem a geração de emprego e que o trabalhador tenha recursos para comprar sua casa própria, seu carro” Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e vice da CUT Nacional: “Os juros que o BC está praticando são extorsivos, impedem a geração de emprego e que o trabalhador tenha recursos para comprar sua casa própria, seu carro” . Foto por Roberto Parizotti

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), demais centrais sindicais e movimentos populares iniciaram, nesta sexta-feira (16), a Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central. O ato realizado em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, abre a campanha permanente até o presidente do Banco Central,  Roberto Campos Neto, parar de boicotar o país e baixar a taxa de juros básica, atualmente em 13,75%, a maior praticada no mundo.

“Essa manifestação é uma luta por emprego, por direitos, uma luta por qualidade de vida. Porque os juros que o Banco Central está praticando são extorsivos, que impedem a geração de emprego, que o trabalhador tenha recursos para comprar sua casa própria, seu carro”, disse a presidenta a Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

Só falta baixar os juros

Economistas, empresários do setor da indústria e do varejo e até agências de consultoria do mercado alegam que nada justifica o BC manter os juros nas alturas, pois todos os indicativos apontam para a queda da inflação, que não é de demanda, e de otimismo em relação à economia brasileira. Pesquisa realizada pelo BTG Pactual com agentes do mercado mostra que 61% dos entrevistados apostam que o ciclo de queda dos juros básicos (Selic) começa a acontecer na primeira reunião de agosto do Copom  e apenas 30% que a redução das taxas acontecerá em setembro. 

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) alterou de “estável” para “positiva” a perspectiva da economia brasileira. A empresa de consultoria divulgou na quarta-feira (14) que desde 2019 não ocorria uma melhora na classificação de risco no país, tendo estado estagnado nos quatro anos do governo anterior. Foram apontados como melhora nos indicadores, sinais de “maior certeza” em relação às políticas fiscal e monetária com o anúncio do “arcabouço fiscal” pela equipe econômica do governo Lula e o contínuo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), acima do esperado pelos especialistas. A avaliação prevê ainda a queda nos juros. 

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, que também participou do ato, falou sobre o efeito da política de Campos Neto aos trabalhadores de baixa renda.

“Os juros altos são a forma mais cruel, mais perversa de transferir renda daqueles que são pobres para aqueles que são ricos”, destacou o dirigente, também criticando a forma de ação do Banco Central na economia. “É uma vergonha o país perseguir meta de inflação. O país tem que perseguir meta de geração de emprego, de crescimento do trabalho, que é isso que o país precisa. Temos que baixar a taxa de juros”, avaliou.

A pressão continuará nas ruas até o Banco Central baixar os juros. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, terá início na próxima terça-feira, dia 20 de junho, quando centrais e movimentos populares farão protestos em frente às sedes do BC em várias cidades do Brasil

Juvandia lembrou que Campos Neto foi indicado à direção do BC em 2019, pelo então presidente Bolsonaro. “Na eleição de 2022 ele foi votar com a camiseta do Bolsonaro. Ele diz que o Banco Central é independente, que não atua politicamente, entretanto a atuação da entidade em manter a Selic elevadíssima prejudica a política econômica do governo Lula, boicotando as ações necessárias para o país voltar a crescer”, destacou a dirigente sindical. 

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