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Febre maculosa já deixa pelo menos quatro vítimas, apenas em São Paulo. Período seco é mais propenso à disseminação de seu vetor, o carrapato
Publicado: 16 Junho, 2023 - 09h18
Escrito por: Gabriel Valery, da RBA
A febre maculosa segue despertando curiosidade e receio na população brasileira. Nos últimos dias, pelo menos quatro pessoas morreram pela doença. Todas infectadas na região de Campinas, no interior de São Paulo. A doença ainda é endêmica nos demais estados do Sudeste e no Sul do Paraná. Contudo, a bactéria é mais comum, em sua versão mais grave, entre os paulistas. O estado concentra mais da metade das vítimas da doença no país nos últimos 16 anos.
O governo de São Paulo divulgou, na noite de ontem (14), um alerta sobre a doença. As quatro mortes confirmadas no estado nesta semana tiveram como origem a mesma região. Mais do que isso, a mesma festa, na Fazenda Santa Margarida, em Campinas. Em primeiro lugar, a orientação é para que todos que estiveram nesse local ficarem atentos a possíveis sintomas. Isso porque a febre maculosa é de difícil detecção. Caso pega nos estágios iniciais, tem tratamento barato e eficaz por meio de antibióticos.
Contudo, existe uma grande probabilidade de evolução para formas mais graves da doença. A infecção promove uma inflamação no sistema circulatório que pode afetar áreas nobres do corpo, além de provocar edemas, gangrenas, necroses e tromboses. O alerta é para quem esteve no local entre os dias 27 de maio e 11 de junho “e apresentarem febre e dor pelo corpo, dor de cabeça ou manchas avermelhadas pelo corpo, procure atendimento médico imediatamente e informe ao médico que esteve na região”.
“Dos 12 casos confirmados da doença neste ano, três foram de pessoas que estiveram nos eventos realizados no local. Desta forma, é importante que todos que frequentaram a Fazenda fiquem atentos aos sintomas e comuniquem ao serviço médico. Essas informações são fundamentais para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”, completa a nota.
O governo ainda alerta que o surto pode ganhar força, particularmente em regiões como a já citada, Piracicaba, Assis e Sorocaba. O pior período de disseminação da doença é nos meses mais secos, de abril a outubro, com ápice em junho e julho.
Então, é essencial ficar alerta aos sintomas. O período de manifestação da doença é de 7 a 14 dias, em média. A dificuldade está especialmente no fato de que os sintomas iniciais são genéricos. Trata-se de um mal estar generalizado, febre e manchas pelo corpo, que começam pelos pés e mãos. Logo, a doença pode ser facilmente confundida com outras, particularmente provocadas por arboviroses, como dengue, zika e chikungunya.
Portanto, o governo paulista reforça a cautela neste período. “Ao se aventurar em regiões de mata e cachoeira, é importante estar ciente que estamos no período de reprodução do carrapato estrela, ocorrendo o risco de transmissão da Febre Maculosa através de sua picada. Caso em até 15 dias após este deslocamento, você apresente sintomas deve procurar atendimento médico o mais rápido possível”, afirma Tatiana Lang, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
Especialistas explicam que a doença é provocada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida principalmente pelo carrapato-estrela ou micuim (Amblyomma cajennense). Contudo, outros carrapatos também podem ser vetores da mazela. “Os carrapatos mais jovens, por serem menores, são aqueles que podem ser mais difíceis de ver e, portanto, trazem maior risco para permanecer tempo suficiente para realizar a transmissão”, explica a biomédica e neurocientista Mellanie Fontes-Dutra.
Mellanie também ressalta que não há possibilidade de transmissão entre humanos. “A transmissão é essencialmente pelo carrapato infectado. Não há registro de transmissão pessoa-pessoa dessa bactéria. Portanto, é necessário ter muita atenção, especialmente pela parte de quem cria animais, mas também de quem vai para áreas rurais onde existe o risco”.
Então, é importante ficar atento à presença de carrapatos em si, nos filhos e também nos pets. Cães e gatos não representam um grupo especial de risco, principalmente em áreas urbanas. Mas eles podem, eventualmente, ser picados por carrapatos e, a partir daí, passar para os humanos. Outra curiosidade é que o carrapato não é um inseto, mas sim um aracnídeo, do mesmo grupo das aranhas, ácaros e escorpiões.