Sexta, 09 Junho 2023 13:23

Com inflação abaixo do esperado, Campos Neto não tem como manter juros altos

Mercado tem expectativa de queda dos juros, após medidas do governo fazerem a inflação cair mais do que o esperado por especialistas
E AGORA, CAMPOS NETO? – Inflação em queda e os mercados anunciam redução dos juros futuros. Agora só falta o presidente do BC, Roberto Campos Neto, baixar a Selic E AGORA, CAMPOS NETO? – Inflação em queda e os mercados anunciam redução dos juros futuros. Agora só falta o presidente do BC, Roberto Campos Neto, baixar a Selic Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Os chamados “juros futuros” (expectativa de taxa de juros) fecham em queda após dado de inflação abaixo das previsões do mercado. A avaliação em relação à queda dos preços dos produtos, especialmente alimentos, como carne bovina e óleo de soja, puxados ainda mais pela mudança da política de preço dos combustíveis pela Petrobras, deixa o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sem argumentos para manter a Selic (taxas básicas) nas alturas (13,75%). Economistas e até investidores esperam uma queda dos juros pelo menos até o mês de agosto, mas já há um ambiente favorável para a redução das taxas em julho.

Campos Neto disse esta semana que "juros altos não para rentistas" (especuladores), mas que "a culpa é do governo, que deve muito". 

"Claro que a dívida pública é alta, mas ao manter a Selic nas alturas, além de elevar o endividamento de empresas e da população, o BC aumenta ainda mais a dívida do governo. Metade do que os brasileiros pagam de impostos é para o pagamento da rolagem da dívida do governo aos bancos", rebateu a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco. 

Preços caem

Na última quarta-feira (7), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio confirmou uma tendência de forte desaceleração, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice fechou em 0,23%, ante a 0,61% registrado em abril e, novamente, surpreendeu analistas do mercado, que projetavam uma inflação de 0,33%. No acumulado de 12 meses, o índice, de 3,93% é o mais baixo desde outubro de 2020.

Segundo o IBGE, a queda foi fortemente impactada também pelo setor de transportes, que apresentou redução de 17,73% nos preços das passagens aéreas, 5,96% no óleo diesel e de 1,93% na gasolina, o que mostra a decisão acertada do atual governo de pôr fim ao PPI (Preço de Paridade de Importação) na política da Petrobras, que vinha resultando na alta dos preços desde a sua criação, em 2016.

Os alimentos também tiveram papel importante na atual desaceleração geral do IPCA.  O índice dos alimentos e bebidas desabou de 0,71% em abril para 0,16%. Com uma inflação anual muito próxima do centro da meta (3,25%) e completamente dentro do teto (4,75%), analistas revisaram as projeções da inflação anual de 4,69% para 4,60%. Ao mesmo tempo, a expectativa de agentes do mercado é  que a inflação no acumulado de 12 meses deve cair para 3,5% em junho.

Campos Neto sem saída

Logo após o anúncio da queda da inflação, os juros futuros também apresentaram queda, com a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 operando em queda de 13,128% para 13,075%. 

“O BC só não baixa os juros se for mesmo sabotagem política do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que não tem mais como manter as taxas nas alturas. Mesmo com o cartel do sistema financeiro jogando contra, mantendo a Selic em 13,75%, as medidas do governo estão surtindo efeito e o Brasil dá os primeiros sinais de superação da crise para a urgente necessidade de retomada do desenvolvimento econômico, com mais empregos e renda. Mas para um crescimento sustentável os juros precisam despencar no Brasil, como nos melhores exemplos das maiores economias capitalistas do mundo”, acrescentou Kátia Branco. 

 

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