Segunda, 05 Junho 2023 18:18

Juros nas alturas aumentam endividamento das famílias e dívida pública

Menos juros, mais empregos: o Sindicato continua a campanha contra os juros altos para o Brasil retomar o desenvolvimento econômico Menos juros, mais empregos: o Sindicato continua a campanha contra os juros altos para o Brasil retomar o desenvolvimento econômico

A taxa de juros básica fixada pelo Banco Central que se mantém em 13,75% desde agosto do ano passado é desastrosa para a economia do Brasil. É o que revela o estudo "Desempenho dos Bancos", elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no balanço de 2022 dos cinco maiores bancos do país.
A Selic serve como referência para a fixação dos juros bancários para empréstimos (a ela é acrescido um spread), e no atual patamar torna a tomada de crédito praticamente inacessível para pessoas físicas e empresas e define os juros da dívida pública.
Os maiores juros do mundo dificultam a retomada do crescimento econômico e elevam o montante da dívida pública do governo com os bancos. Outro efeito, segundo o levantamento, é o endividamento que em 2022 foi recorde no Brasil.
“De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao final de 2022, 77,9% das famílias declararam estar endividadas, com alta de sete pontos percentuais em relação a 2021, quando 70,9% das famílias declararam ter dívidas”, explica o estudo do Dieese. A inadimplência também é recorde: “Entre as famílias, 28,9% tinham dívidas em atraso e 10,7% do total disseram não ter condições de pagar suas pendências financeiras (entre essas, 32,3% de famílias com menor renda – de até 10 salários mínimos). Ademais, dados do Banco Central apontam que, ao final de 2022, a inadimplência no rotativo do cartão de crédito chegou a 41%”, informa o levantamento.

Só bancos ganham

“Mesmo com o aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD) e a fraude das Lojas Americanas, em 2022, o Lucro Líquido dos cinco maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal) somou R$ 106,7 bilhões de reais, com alta média de 2,5% sobre o ano anterior”, frisa o estudo.
O Dieese lembra que os maiores bancos do país estão entre os principais credores das Americanas: Bradesco: R$ 4,5 bilhões; Santander (Brasil): R$ 3,6 bilhões; Itaú Unibanco: R$ 2,7 bilhões; Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão; Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões.

Crescem as PDDs

“O maior crescimento foi observado no Bradesco, onde as PDDs mais do que dobraram (alta de 104,1%), chegando a quase R$ 31,5 bilhões. No Itaú Unibanco, a alta foi de 69%, totalizando R$ 31,2 bilhões. No Santander, a alta chegou a 61,5%, atingindo R$ 24,8 bilhões. Na Caixa e Banco do Brasil, as PDDs cresceram, respectivamente, 41,5% e 31,7%, totalizando R$ 15,6 bilhões (Caixa) e R$ 23,5 bilhões (BB)”, aponta o documento do Dieese.
O Itaú Unibanco teve um Lucro Líquido de, aproximadamente, R$ 30,8 bilhões em 2022, alta de 14,5% em doze meses, atrás apenas do Banco do Brasil, que faturou R$31,8 bi no período. Os demais apresentaram queda em seus resultados no período: Bradesco, com Lucro Líquido de R$ 20,7 bilhões, teve queda de 5,5% em relação a 2021. Santander obteve resultado líquido de R$ 12,9 bilhões e queda de 21,1% em doze meses.A Caixa, por sua vez, lucrou R$ 9,8 bilhões, com redução de 43,4%

Os gigantes do setor

Segundo o estudo, em 31 de dezembro de 2022, o total de ativos das cinco maiores instituições bancárias do país atingiu R$ 8,9 trilhões, alta média de 9,2% em relação a dezembro de 2021. Grande parcela dos ativos desses bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujos montantes, somados, totalizaram R$ 4,6 trilhões ao final de 2022, com crescimento de 12,2% no período. O patrimônio líquido (PL), que representa o capital próprio dos cinco bancos, atingiu R$ 694,3 bilhões, alta de 8,5% em doze meses. 
O Itaú Unibanco segue sendo o maior banco do país em ativos, os quais atingiram um montante aproximado de R$ 2,5 trilhões ao final de 2022, com alta de 14% em doze meses (a maior alta observada no período entre os cinco bancos). "A instituição com o segundo maior ativo é o BB, totalizando pouco mais de R$ 2 trilhões, com alta de 5%, seguido do Bradesco, que obteve crescimento de 7,6% em seus ativos, chegando a, aproximadamente, R$ 1,8 trilhão ao final do ano. Os ativos da Caixa superaram R$ 1,5 trilhão, alta de 9,4% no período. O Santander, por sua vez, apresentou alta de 8,8% em seus ativos, totalizando pouco mais de R$ 1 trilhão", explica o levantamento.

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