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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI que investiga as atividades do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta participação nos atos antidemocráticos de janeiro deste ano, que tinham por objetivo um golpe militar para impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio da Silva (PT) continuasse no cargo.
Na última terça-feira (23), o parlamentar bolsonarista tentou calar a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP), integrante da Comissão, depois que ela citou as investigações autorizadas contra ele pela Sumprema Corte.
Os investigados
O episódio aconteceu na mesma data em que o ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo dos processos sobre os atos antidemocráticos, autorizou a Polícia Federal a retomar investigações sobre a atuação de Zucco em episódios registrados no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal após o seu candidato, Jair Bolsonaro (PL) ter sido derrotado nas urnas por Lula.
"Me inscrevi, senhoras e senhores, para dar uma notícia que acabou de sair na imprensa. Ficaram bastante incomodados com os deputados que falaram a respeito das investigações da Polícia Federal que recaem sobre o presidente, mas acabou de sair a notícia que o Moraes autoriza a Polícia Federal a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação em atos antidemocráticos, que até agora o senhor estava dizendo que era mentira", disse a deputada, que teve o áudio do microfone cortado.
Zucco, então, respondeu dizendo que não ia permitir a fala da deputada, afirmando que a leitura da notícia se comparava a "ataques pessoais".
O deputado foi apontado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul como incentivador de atos antidemocráticos no estado e foi denunciado à justiça gaúcha, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu que a investigação cabe ao STF, já que ele tem foro privilegiado.
Outra deputado citado pela parlamentar do PSOL foi Ricardo Salles (PL-SP), relator da mesma CPI e que tentou mudar o nome da Comissão para "Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a invasão de propriedade, depredação de patrimônio público e privado e crimes correlatos".
Passar a boiada
Ex-ministro do Meio Ambiente do governo anterior, Salles ficou conhecido por usar a expressão “passar a boiada” numa reunião com Bolsonaro e sua equipe, sinalizando que era preciso aproveitar as atenções da opinião pública para a pandemia da covid-19 para avançar na liberação da criação de gado e plantação de soja, bem como da exploração de madeira na Amazônia e no Pantanal. Seus supostos crimes talvez expliquem sua declaração: Salles é um dos alvos da operação Akuanduba da Polícia Federal que investiga a suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa.
“É evidente que o setor reacionário do Congresso Nacional tem por objetivo criminalizar o MST, que é uma entidade que reúne trabalhadores que lutam pelo direito de uma terra para subsistir e produzir alimentos. Estes agricultores quanso assentados produzem toneladas de alimentos que vão para a mesa dos brasileiros”, disse a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Kátia Branco.
Arroz orgânico
De fato, o MST é responsável pela maior produção de arroz orgânico do Brasil, segundo o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), como mostrou reportagem da BBC News Brasil em 2017 produzindo mais de 27 mil toneladas do produto.
“No Brasil, a grande mídia procura esconder esta produção dos agricultores para agradar o agronegócio e os latifundiários que só produzem para a exportação. Quem coloca comida na mesa do povo brasileiro são os pequenos agricultores”, concluiu Kátia.