EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
Pelo sexto mês consecutivo o Setor Bancário eliminou postos de trabalho no Brasil. Apenas no mês de março de 2023 foram extintas 1.474 vagas. Este é o maior número desde novembro de 2020, sendo superado apenas pelo período em consequência da covid-19, quando foram fechadas mais de 2 mil vagas em consequência da pandemia de Covid-19. Os dados são de um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No primeiro trimestre de 2023, os bancos eliminaram 2.662 vagas na categoria. No mesmo período do ano passado, ocorreu a abertura de 3.160 vagas.
“Somente o Bradesco cortou mais de 2 mil empregos no primeiro trimestre deste ano, por isso, o nosso coletivo tem feito protestos há mais de um ano e vamos continuar essa luta na base, exigindo o acesso de clientes e usuários ao atendimento presencial para garantir o emprego da categoria e fazer o banco respeitar os direitos do consumidor”, disse o diretor da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato do Rio, Geraldo Ferraz.
O presidente do Sindicato José Ferreira também criticou a demissão em massa de trabalhadores no setor financeiro privado.
“Os bancários e bancárias têm sofrido com essa onda de demissões que é fruto de uma política de digitalização dos serviços no setor e de fechamento de agências”, explicou, demonstrando preocupação com a situação das dispensas no Estado do Rio de Janeiro, que ele considera “particularmente grave”, já que apresenta a segunda maior redução de postos de trabalho no país.
“Em função desta situação gravíssima, o Sindicato tem desenvolvido campanhas de combate às demissões e ao assédio moral centrada nos três maiores bancos privados”, explicou.
Ferreira convocou as bancárias e bancários e se mobilizarem e apoiarem o movimento sindical nessa luta e nas denúncias feitas contra a falta de compromissos e responsabilidade social dos bancos, especialmente o Itaú, Santander e Bradesco, os que mais lucram e também os que mais dispensam funcionários As trê principais instituições do sistema financeiro nacional do setor privado mais o Banco do Brasil lucraram R$ 96,2 bilhões em 2022. O valor corresponde a uma alta nominal de 6,3% em relação ao ano anterior, quando somou R$ 90,5 bilhões.
Menos salários e direitos
Os bancos continuam a impor a estratégia de extinguir empregos de bancários e bancárias, com direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho e maior média salarial, para contratar mais trabalhadores de outras áreas e terceirizados, reduzindo custos com mão de obra e aumentando ainda mais os lucros. O ramo financeiro, excluindo a categoria bancária, apresentou saldo positivo em março, com abertura de 925 postos de trabalho – ainda assim, número 68,5% inferior ao registrado no mesmo mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho, uma média de criação de 2,3 mil postos por mês. As atividades financeiras que mais criaram postos em março foram: crédito cooperativo (831 vagas); holdings de instituições ‘não-financeiras’ (351); e outras sociedades de participação, exceto holdings (92).
Números por área
Fica claro que o setor que mais teve vagas eliminadas foi a área bancária/financeira, com variação negativa de 2.092 postos de trabalho nos primeiros três meses do ano, e 1.165 em março. A área administrativa e afins eliminou no trimestre 478 vagas. O setor de tecnologia da informação, também apresentou queda das contratações, com saldo negativo de 94 vagas. Este último, segundo análise do Dieese, passa por um “esgotamento das contratações ou mesmo o agravamento das terceirizações”. O único saldo positivo foi no agrupamento foi o classificado como “demais”, com 147 novos postos de trabalho.
A terceirização, permitida em áreas fijs desde a reforma trabalhista feita pelo governo Temer, representa sempre uma redução média nos salários dos trabalhadores e a precarização das condições de trabalho, com corte de direitos.
Elevação das demissões
Considerado o período de 12 meses, o saldo negativo de empregos no setor bancário foi de 3.166 vagas. Em todas as atividades bancárias ocorreu saldo negativo no primeiro trimestre de 2023 e no mês de março. O Dieese ressalta em seu estudo que, no resultado de março para o setor bancário, ocorreu elevado número de demissões: 39,5% superior à média de desligamentos do ano de 2022, e baixo número de contratações, 16,5% inferior à média de admissões do ano de 2022.
Nos estados
São Paulo (745 postos), Rio de Janeiro (246), Minas Gerais (141) e Paraná (76) foram os estados que mais demitiram bancários. Apenas quatro estados das 27 unidades da federação apresentaram saldo positivo: Goiás (18 postos), Rondônia (7), Acre (4) e Sergipe (3).
Mais homens admitidos
O saldo foi negativo tanto entre homens quanto entre mulheres. Na hora da admissão, o setor continua discriminado as mulheres: 11,7% a mais de homens contratados. Já nos desligamentos foi 6,1% superior entre os homens em relação às mulheres.
Faixa etária
Em relação à faixa etária, o saldo foi positivo apenas nas faixas até 24 anos, com ampliação de 269 vagas. Para as demais faixas, a partir de 25 anos, o fechamento foi de 1.743 vagas.
Queda na média salarial
A remuneração média também sofreu queda no setor financeiro. O salário médio do bancário admitido em março foi de R$ 6.728,48, enquanto o valor médio do grupo de desligados foi de R$ 8.063,40. O salário médio do admitido correspondeu a 83,44% do desligado.
Confira, clicando no link abaixo, os dados completos da Pesquisa do Emprego Bancário - Maio/2023 - Elaborada pelo Dieese.
https://contrafcut.com.br/wp-content/uploads/2023/05/peb-22-maio-2023-vf2.pdf