Segunda, 15 Mai 2023 19:30

Propaganda do Santander não condiz com dificuldade de ascensão para funcionárias

COE vai cobrar tratamento igual entre bancários e bancárias em negociação sobre igualdade de oportunidades
 Maria de Fátima, diretora do Sindicato, numa atividade no Santander: “Não adianta publicidade com sentimentalismo se o Santander não atende reivindicações de igualdade de oportunidades e desrespeita as bancárias” Maria de Fátima, diretora do Sindicato, numa atividade no Santander: “Não adianta publicidade com sentimentalismo se o Santander não atende reivindicações de igualdade de oportunidades e desrespeita as bancárias”

Quem assistiu a campanha da publicidade em homenagem ao Dia das Mães, repleta de sensibilidade e emoção, não imagina o tratamento desumano do Santander aos seus funcionários, inclusive as muitas bancárias que também são mães. 
A COE (Comissão de Organização dos Empregados) vai questionar essa contradição do banco espanhol na próxima reunião que vai tratar da igualdade de oportunidades, no próximo dia 22 de maio. Com uma narrativa supostamente contra a desigualdade de gênero no país, lembrando que as mulheres ganham salários, em média, 21% menor do que os homens, a propaganda do banco tenta vender produtos com a promessa de descontos na alíquota do cartão de crédito, parcelamento de fatura e seguro de vida para mulheres que virarem cliente. A campanha na TV não deixa claro sequer o valor dos descontos. 

Desrespeito na prática

Na prática, o Santander não atende às reivindicações básicas das bancárias, como a "licença menstrual", que foi pauta da campanha salarial em 2022, mas foi rejeitada pela direção do banco. 
"Não adianta o banco produzir uma campanha publicitária cheia de sentimentalismo e uma suposta preocupação com as mulheres se não atende às reivindicações da categoria referente à igualdade de gênero e demais itens da categoria", criticou a diretora do Sindicato dos Bancários do Rio, Maria de Fátima. A sindicalista lembra que, em seu país de origem, essa pauta é cumprida porque é lei na Espanha, até porque o país europeu revogou a reforma trabalhista. “Que o exemplo espanhol sirva para o Brasil e o Santander pratique aqui o que é feito em seu país de origem", acrescentou Fátima. 
Chama a atenção no final da peça publicitária também, que o banco anuncia não existir distorção salarial entre homens e mulheres na empresa há mais de 10 anos. 
Segundo Lucimara Malaquias, coordenadora da COE, de fato "houve redução da desigualdade, mas isso não acontece nas oportunidades de ascensão profissional”. O relatório de sustentabilidade de 2022, emitido pelo próprio Santander, revelou que, em 2021, as mulheres ocupavam 61% dos cargos operacionais, no entanto, nas funções de diretoria, este índice cai para apenas 25%, com os homens ocupando 75% dos cargos de direção.

Lei iguala salários 

Em março deste ano, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Lei que iguala salários entre homens e mulheres que exerçam uma mesma função numa empresa. Os patrões que descumprirem a nova regra estarão sujeitos à multa. Além de contribuir para a promoção da Igualdade de gêneros, a nova lei poderá representar um crescimento de cerca de 0,2 pontos no PIB (Produto Interno Bruto), ajudando na superação da crise e na retomada do desenvolvimento econômico do país. 

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