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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, na última quarta-feira (3), manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde o início de agosto de 2022. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, não deu a menor bola para as queixas da população e nem para as críticas de economistas, insistindo em manter os juros do país, os maiores do mundo, nas alturas.
“Eu acho um erro manter os juros no patamar atual, porque a inflação que a gente vê hoje não é causada por demanda. Em geral, a gente usa juros para frear a demanda quando ela é excessiva. Mas não é o caso”, disse Bruno De Conti, doutor em Economia pela Unicamp e que foi economista do BNDES de 2010 a 2012. Conti critica a posição de Campos Neto e acha que um dos problemas da política monetária atual é não contemplar a complexidade de fatores que pressionam a inflação, citando como exemplo, “a desvalorização do real em relação ao dólar, indexadores mal utilizados, regimes de meta de inflação incompatíveis e oferta insuficiente de produtos e serviço”.
O povo reclama
A população também tem reclamado das taxas de juros, que inibem o crédito e ainda mais o consumo, agravando a crise econômica e impedindo o Brasil de retomar o desenvolvimento econômico e a geração de empregos. Segundo pesquisa do Data Folha realizada em abril deste ano, 80% do povo brasileiro apoia as persistentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros da equipe econômica do atual governo em relação às altas taxas de juros.
“É preciso estimular a produção. Para isso, é preciso ampliar o investimento público, o que ‘pode ser anti-inflacionário, ao contrário do que se imagina’. Afinal, equilibraria oferta e demanda na outra ponta dessa relação”, completou Conti.
Os bancos chegam a praticar nos juros rotativos do cartão de crédito, como é o caso do Itaú, 377% ao ano e há instituições financeiras que chegam a cobrar mais de 700% de juros anuais, segundo dados oficiais do BC.
O resultado não poderia ser pior para o Brasil: 62 milhões de trabalhadores negativados no SPC e a explosão das dívidas das empresas,que cresceram R$247 bilhões em apenas um ano.
Haja paciência
No comunicado divulgado após o encontro, o Copom avalia que o momento requer "paciência e serenidade na condução da política monetária" e, para espanto da sociedade, declarou que as taxas podem ser ainda mais elevadas, alegando que poderá “retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".
“O povo e mesmo os especialistas, inclusive economistas liberais, já perderam a paciência com a política de juros altos de Campos Neto há muito tempo. Nada justifica a manutenção da Selic em 13,75% porque todo mundo sabe que esta inflação não é resultado de demanda. Os supermercados e lojas estão vazios, não há consumo e Campos Neto precisa entender que não estamos mais no governo anterior, que praticava a política econômica de Paulo Guedes, de arrocho salarial, juros altos e retirada de direitos, o que levou o Brasil a esta recessão”, avaliou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu durante toda a semana, que o BC deveria baixar os juros básicos, mas seus apelos também não foram ouvidos por Campos Neto, que está irredutível e não reduz a Selic.