Segunda, 17 Abril 2023 18:16
MENOS METAS, MAIS SAÚDE

Conferência considera alarmante o adoecimento psíquico nos bancos

“Os dados sobre o adoecimento psíquico nos bancos são alarmantes, dentre eles o de que 78% dos bancários fazem uso de medicamentos controlados. Antes, os problemas de saúde da categoria eram decorrentes de LER/Dort. Agora, são ansiedade e depressão”. O alerta foi feito pelo vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiros (Contraf-CUT), Vinícius Assumpção, na quinta-feira (13), durante a 1ª Conferência Intersetorial sobre Saúde e Trabalho bancário, realizada pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e pela Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Fetrafi) em Porto Alegre (RS). O vice-presidente da confederação e ex-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio acrescentou que o índice de afastamento por doenças do trabalho, nas demais categorias, é de 15%, enquanto no meio bancário chega a 25%. Para ele, houve evoluções nos bancos, mas ainda insuficientes para garantir efetivamente melhores condições de trabalho. “Este tema é o principal debate na categoria atualmente e deve continuar assim nos próximos anos”, ressaltou Vinícius.
Participaram da conferência cerca de 300 pessoas, entre bancários e bancárias da capital e do interior gaúcho, além de outros estados: Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Ceará, Alagoas e Bahia.
Na abertura do evento, foi lançado o documentário: “Além do limite – quando a meta é sobreviver”, dirigido pelo jornalista Marcelo Monteiro. O filme aborda a triste realidade enfrentada pela categoria bancária, com relatos de diversos casos de adoecimento psicológico, alguns culminando em suicídio. Em seguida houve uma roda de debate com Monteiro.

Metas e adoecimento

Edelson Figueiredo, diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio participou da conferência e considerou gravíssima a situação da categoria.
“Debates como este são importantes para discutir este grave problema, definir estratégias de denúncia à sociedade sobre o que está acontecendo nos bancos, para cobrar dos órgãos do governo uma fiscalização mais intensa e do Congresso Nacional a aprovação de leis que revertam esta realidade que não pode ser naturalizada”, afirmou Edelson.
O dirigente lembrou que neste mês está em curso a campanha Menos Metas, Mais Saúde. Destacou ainda, que como parte desta campanha estão sendo realizadas várias atividades para discutir o tema com a categoria bancária. “O Sindicato fez, no último dia 5 de abril, uma live com a participação do psicoterapeuta Rui Stockinger e do Secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, além do presidente do Sindicato do Rio, José Ferreira e da presidenta da Federa-RJ, Adriana Nalesso”, disse. Adiantou que como parte destas atividades haverá um novo debate virtual, do qual os bancários poderão participar, no próximo dia 27 de abril.

É preciso mudar

Mauro Salles disse que o evento deixou nítida a gravidade do alto número de adoecimento relacionado ao trabalho. Também debateu soluções para que essa situação não persista.
“Não é possível que trabalho seja sinônimo de medo, sofrimento e adoecimento. Temos uma Convenção Coletiva com muitas cláusulas de saúde conquistadas, mas a gente tem que lutar para que os bancos cumpram o que assinaram. E também cobrar ação das instituições responsáveis pela promoção de saúde e fiscalização dos ambientes de trabalho”, afirmou

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