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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Brasil tem vivido nos últimos dias um otimismo dos mercados para neoliberal nenhum colocar defeito. Após a inflação desacelerar em março, o dólar caiu para R$5, o menor patamar desde junho de 2022, e a bolsa de valores brasileira subiu 4,29%. Nesta sexta-feira a queda da moeda americana continuou, chegando a R$4,91.
Sem justificativa
Economistas são unânimes em afirmar que a inflação atual não é de demanda e que nada justifica o Banco Central “autônomo” manter os juros nas alturas, com a Selic (taxa básica) em 13,75% ao ano. So para se ter uma ideia, o Banco Central Europeu (BCE) causou revolta na população ao elevar a sua taxa básica para 0,5%, o sexto aumento consecutivo, em função da guerra na Ucrânia e do bloqueio econômico à Rússia, bem como aos gastos militares da OTAN no conflito.
Especialistas, empresários do setor produtivo, o presidente Lula e sua equipe econômica e toda a sociedade concordam que passou da hora de o BC baixar as taxas de juros, as maiores do planeta. Exceto o presidente da instituição responsável pela política cambial e de juros, Roberto Campos Neto, o pupilo indicado pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.
Campos Neto disse que “nenhum BC que juros altos” e “que tenta suavizar o máximo possível” de forma que sua política cause “o mínimo de danos à economia”. No entanto, na verdade, as consequências de sua política sobre a economia são as piores possíveis.
“A atual política de juros da direção do BC tem efeitos devastadores sobre a economia brasileira, elevando a inadimplência de consumidores e empresas, reduzindo o acesso ao crédito e impedindo a retomada do crescimento econômico. Só os banqueiros ganham com esta situação”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco. A sindicalista lembra que o prêmio Nobel de Economia de 2001 e professor da Universidade de Columbia (EUA), o americano Joseph Stiglitz, definiu a taxa básica de juros Brasil como “chocante” e equivalente a uma “pena de morte” e ainda “que nenhuma economia do mundo sobreviveria aos juros praticados no país”.
Só os bancos ganham
Se exclusivamente os bancos ganham com os juros, o país só perde. Com as elevadas taxas, a dívida pública do governo explode: de novembro de 2020 ao mesmo mês de 2022, período do governo anterior, esta dívida saltou de pouco mais de R$ 300 bilhões para os R$ 600 bi, um crescimento de 100%.
“É a conta paga pelos contribuintes para financiar a farra dos juros dos bancos. Mais da metade de tudo o que pagamos de impostos é para bancar o pagamento dos juros da dívida. E o ‘deus mercado’ ainda quer que o governo corte investimentos sociais que socorrem famílias que estão passando fome para sustentar esta sangria fiscal gerada para atender a ganância de meia dúzia de especuladores”, acrescentou Kátia.
Se o povo e o empresário do setor produtivo, especialmente o micro e o pequeno, estão sofrendo com o atual modelo econômico, os baqueiros estão rindo à toa. O Itaú, por exemplo, chega a cobrar de juros no rotativo do cartão e renegociações 377,32% ao ano.
Todo mundo pendurado
Segundo dados do Serasa Experian, divulgado no final do ano passado, cerca de 6,3 milhões de empresas estão inadimplentes. Em janeiro de 2023, o número de brasileiros humilhados no SPC chegou a 65,19 milhões de pessoas, uma alta de 0,56% em relação a dezembro de 2022.
“É a hora dos bancos públicos reduzirem os juros e garantirem crédito mais barato para trabalhadores e o setor produtivo, para elevar o consumo e gerar empregos e renda, fazendo a roda da economia girar. Ou a direção do BC reduz os juros ou Campos Neto pede para ir embora e cai fora pelas portas dos fundos. Ninguém aguenta mais”, concluiu a vice-presidenta do Sindicato.