Sexta, 31 Março 2023 18:10

O golpe de 1964 tem que ser lembrado para que não se repita nunca mais

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

O golpe de Estado que derrubou o presidente João Goulart completa 59 anos neste sábado, 1º de abril. É uma data que não pode ser esquecida por ter sido instaurada naquele dia em 1964 – por militares, grupos empresariais e civis de direita, com o apoio do governo dos Estados Unidos – uma ditadura sangrenta no Brasil, que suspendeu direitos políticos, cassou parlamentares, dirigentes sindicais, prendeu, torturou e matou centenas de pessoas.

A ditadura se manteve por 21 anos e terminou em 1985 graças às crescentes mobilizações nacionais. Como popularmente 1º de abril é conhecido como o Dia da Mentira, as forças armadas passaram a registrar a data da quartelada como 31 de março.

José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro frisou que esta é uma data para lembrar daquilo que jamais poderemos esquecer. “O golpe militar foi um golpe contra as liberdades e fundamentalmente contra a classe trabalhadora. Um período em que o nosso Sindicato foi perseguido, invadido e teve cerceada sua atuação inclusive com intervenção. Há um símbolo de todo esse horror que foi o assassinato - pelos agentes do Estado brasileiro a serviço da ditadura - de Aluizio Palhano, ex-presidente do Sindicato, que teve seu corpo desaparecido por um longo período”, lembrou.

Com o governo Jair Bolsonaro a volta do regime ditatorial passou a ser uma ameaça que poderia se concretizar em caso de reeleição. No entanto, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato de uma ampla frente em defesa do regime democrático, enterrou as pretensões da extrema-direita brasileira.

Ao contrário do que aconteceu no governo de Bolsonaro, o governo Lula não permitiu que as forças armadas emitissem notas ou comemorassem de qualquer outra forma o golpe. A assessoria do Exército informou no início da tarde que “não há comemoração ou ato oficial relativo ao ’31 de março de 1964′ no âmbito da Força Terrestre”. E que um eventual descumprimento de ordem, caso ocorra, “após comprovado em processo administrativo e respeitados os direitos do contraditório e ampla defesa, estará sujeito às sanções previstas no Regulamento Disciplinar do Exército”.

Ditadura nunca mais

“Em sinal de novos tempos, Exército avisa que vai punir quem comemorar golpe de 64. Ignorar a data entre os militares da ativa é 1º passo pra que daqui a alguns anos não tenhamos que assistir o Clube Militar, onde estão os da reserva, fazendo almoço pró-golpe. #DitaduraNuncaMais”, escreveu a deputada federal Gleise Hoffmann, presidente do PT, no Twitter.

Assim como em 1964, os últimos anos de ascensão do fascismo no Brasil, com Bolsonaro, foram de polarização ideológica com os extremistas de direita minando o imaginário popular com uma possível ‘ameaça comunista’, o que não passava e não passa de uma falsa alegação. “A mentira é o que eles usam para fazer o povo odiar governos populares, como era o de Jango, que pretendia fazer reformas estruturais com um olhar social”, diz a secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara.

Para ela, a eleição de Lula em 2022 e seu novo governo apontam para um fortalecimento da democracia brasileira, mas ainda assim é preciso estarmos todos alertas contra grupos que pregam regimes autoritários como forma de controlar a sociedade. Os tempos atuais ainda vivem sob características herdadas daquele período e grande parte da sociedade talvez não se dê conta, diz Jandyra Uheara. Por isso, ela reforça, é preciso manter vivo o debate sobre o tema.

 

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