Quinta, 23 Março 2023 15:02
COMUNIDADES REFÉNS

Moradores acusam ação policial em São Gonçalo de guerra para proteger milícias do Rio

Pelo menos 11 mortos são confirmados em ação do Bope. Chefe do tráfico no Pará, que liderava ação contra milicianos na Zona Oeste, é um dos mortos
GUERRA PARTICULAR - Camburão do Bope, no Salgueiro, em São Gonçalo: polícia agiu contra traficantes que disputam comunidades da Zona oeste do Rio, dominado pelas milícias GUERRA PARTICULAR - Camburão do Bope, no Salgueiro, em São Gonçalo: polícia agiu contra traficantes que disputam comunidades da Zona oeste do Rio, dominado pelas milícias

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

A operação das polícias civil e militar na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, deixou pelo menos 11 mortos. O objetivo do Bope mirava lideranças de facção criminosa que estariam agindo na Zona Oeste da capital e que estariam recebendo apoio de criminosos de outros estados. Leonardo da Costa, o Leo 41, de 37 anos, chefe do tráfico de drogas no Pará, foi um dos mortos.

Mas a ação vem sendo questionada por moradores da comunidade do Salgueiro, que preferem não se identificar e acusam a polícia de estar agindo para proteger o crime organizado das milícias do Rio de Janeiro, que dominam bairros como Campo Grande e Inhoaíba.  A suposta guerra privada na cidade já vem sendo denunciada por acadêmicos especialistas na violência do Rio.

Guerra em bairros pobres

Segundo a investigação, Leo 41 assumiu a chefia da principal facção no Pará após a prisão de Claudio Augusto Andrade, o Claudinho do Buraco Fundo, em setembro de 2020. Desde então, de dentro das comunidades do Grande Rio, ele coordenava um plano de expansão da organização com a compra de armas e munições, financiada por tráfico de drogas, roubo, extorsões e sequestros, tendo como alvo tomar as regiões dominadas por milicianos.

“Na guerra entre polícia e marginais, tráfico e milícia, quem paga caro são os moradores das comunidades pobres, formada por maioria negra. Será que uma ação como essa aconteceria na Barra da Tijuca, onde é de conhecimento público que milicianos e políticos ligados a eles moram em mansões, em condomínios de luxo?”, questionou o Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.

“Está mais do que provado que este modelo de aparato de guerra não reduz a violência e não trará a pacificação social que o Brasil precisa, mas o uso da inteligência. O combate direto só em último caso e, a longo prazo, educação integral,  justiça social, geração de empregos e renda”, concluiu Almir.

 

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