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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Os protestos e a pressão popular com atos em todo o país e as críticas de economistas e empresários do setor produtivo não sensibilizaram a gestão de Roberto Campos Neto a frente do Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, anunciou nesta quarta-feira (22) que a taxa da Selic (juros básicos) continuará num patamar elevado: 13,75%, apesar da narrativa apontar para "reduções futuras", desde que o governo coloque em prática a política fiscal defendida pelos mercados.
Campos Neto, que trabalhou 18 anos no Santander e foi indicado ao cargo pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste em manter o Brasil como o país com as mais altas taxas de juros reais do mundo e a Selic repercute nas taxas praticadas pelos bancos do sistema financeiro nacional.
A direção do BC justificou a decisão alegando que “a inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da metas e que as expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6% e 4,1%, respectivamente", diz em nota.
“Essa entidade fantasmagórica que são os mercados na verdade representam no Brasil, na verdade, o controle dos bancos privados sobre a política econômica do nosso país que está impedido de crescer com estes juros sem precedentes no mundo capitalista”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.
Com a "autnomia" do BC, criada por Guedes, o governo não tem mais controle sobre a política de juros.
Críticas de todo lado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista recente, que irá "continuar batendo" na taxa de juros e "brigando" por sua redução para que, segundo ele, "a economia possa voltar a ter investimentos".
Conforme matéria publicada na edição do Jornal Bancário desta semana, o prêmio Nobel de economia de 2001, o economista americano Joseph Stiglitz disse, na segunda-feira (20), que o Brasil vem sobrevivendo a uma “pena de morte” ao se referir à alta taxa de juros no país, que classificou como “chocante", avaliando que "as taxas de juros no país são capazes de matar qualquer economia".
Em entrevista à imprensa, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o engenheiro e empresário Robson Braga de Andrade, detonou a decisão do BC de manter as taxas básicas. “Os juros no Brasil são exorbitantes. Assim fica muito difícil produzir”, reclamou.
No ato dos sindicatos e movimento sociais, no Rio, na terça (21), em frente à sede do Banco Central, na Avenida Presidente Vargas, o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira criticou a posição da atual gestão “autônoma” do BC.
"Campos Neto foi indicado pelo governo derrotado nas eleições, portanto lhe falta legitimidade pois a política econômica de altas taxas de juros que ele está implementando foi rejeitada por 60 milhões de brasileiros e brasileiras que elegeram Lula presidente", destacou.