EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Trabalhadores e trabalhadoras de várias partes do Brasil participaram nesta terça-feira (21) de protestos contra os juros praticados pelas instituições financeiras no país, as mais altas taxas do mundo.
No Rio de Janeiro, as manifestações organizadas pelo movimento sindical e entidades de organização social teve passeata da Candelária até a sede do Banco Central, na Avenida Presidente Vargas. Os protestos foram marcados por críticas pesadas à "autonomia" do BC, criada no governo anterior pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes. Os manifestantes exigiram também a renúncia de Roberto Campos Neto a frente da instituição que hoje controla a política cambial e de juros no país.
Pressão popular
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira destacou a importância da unidade da classe trabalhadora para uma queda consistente dos juros.
"A unidade do movimento sindical é fundamental nesta luta pois somente com a pressão popular é que àqueles burocratas encastelados no BC serão forçados a mudar de posição e reduzir os juros", destacou. O sindicalista bancário disse ainda que falta legitimidade para Campos Neto continuar no cargo.
"Campos Neto foi indicado pelo governo derrotado nas eleições, portanto lhe falta legitimidade pois a política econômica de altas taxas de juros que ele está implementando foi rejeitada por 60 milhões de brasileiros e brasileiras que elegeram Lula presidente", acrescentou.
Mobilização vai continuar
A presidenta da Federa/RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso, disse que a mobilização da sociedade vai continuar pela redução de juros.
"Não vamos sair das ruas enquanto as taxas de juros não caírem. Somente no ano passado os bancos lucraram R$92 bilhões e o Brasil pagou de juros da dívida pública cerca de R$580 bi", destacou. Nalesso declarou ainda que a lucratividade do sistema financeiro é uma contradição "num país com mais de 30 milhões de pessoas passando fome".
Juros extorsivos
O presidente da CUT-Rio (Central Única dos Trabalhadores), Sandro Cezar, chamou de extorsão as taxas de juros.
"O Brasil foi mais uma vez às ruas para dizer 'fora, Campos Neto' porque os juros no país são uma verdadeira extorsão praticada pelos bancos contra o povo brasileiro", afirmou. Ele lembrou que o povo elegeu Lula para mudanças no atual modelo econômico.
"O voto do nosso povo aponta para a retomada do desenvolvimento e a distribuição de renda e não para manter mais de 30 milhões de pessoas que não comeram um pedaço de pão pela manhã e não sabem se terão o que comer à noite", criticou, referindo-se ao aumento da insegurança alimentar no Brasil, nos últimos quatro anos.
Reunião do Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão sob a tutela do BC, esteve reunido durante a noite para definir a Selic (taxa básica de juros) que, segundo especialista, deverá ser mantida no patamar de 13,75%, apesar de todas as críticas de trabalhadores, economistas e empresários do setor produtivo.