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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Brasil tem os maiores juros do mundo. A polêmica aumentou quando a gestão de Roberto Campos Neto a frente do Banco Central autônomo decidiu manter a Selic (taxa básica) em 13,75%, resultando em críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de economistas e até do setor produtivo.
Com a decisão do então ministro da Economia Paulo Guedes, na gestão anterior, de conceder a chamada “autonomia” do BC, o governo já não tem mais controle sobre a política cambial e de juros.
Na próxima semana o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, se reúne na terça (21) ou quarta-feira (22) para decidir se diminui ou não os juros.
A reação da sociedade
Em resposta a esta farra sustentada pelo sistema financeiro, trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil vão realizar nesta terça-feira (21), um protesto nacional pela redução dos juros no país. No Rio haverá uma passeata até à sede do Banco Central, na Presidente Vargas, no Centro, com concentração a partir das 17h, na Candelária. A campanha será com manifestações nas ruas, mas também nas redes sociais com a hasthag #JurosBaixosJá
“O presidente Lula tem toda a razão de se queixar. As altas taxas de juros endividaram mais de 62 milhões de pessoas, que estão no SPC/Serasa, impedidas de fazer um crediário, elevam a dívida pública e impedem a recuperação econômica do país, e por consequência, a geração de empregos e renda”, critica o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira.
O cartel dos bancos
A situação chegou ao cúmulo de bancos, como Bradesco e Itaú, e outros, suspenderem o crédito consignado aos aposentados do INSS após o governo Lula baixar as taxas para esta modalidade de empréstimo bancário de 2,14% para 1,70%.
A Febraban (Federação Nacional dos Bancos) divulgou nota dizendo que os bancos alegam "não ter condições, com a redução dos juros", de arcar com a despesa de captação de clientes", uma argumentação absurda para o setor mais lucrativo do país. No ano passado, os bancos faturaram R$92,2 bilhões, resultado 6,3% maior do que em 2021, enquanto que outros setores amargam prejuízos após a pandemia e o agravamento da crise nos últimos quatro anos.
E causou grande indignação o fato de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, instituições públicas, tomarem a mesma medida do cartel privado do sistema financeiro, que detém 89% deste tipo de consignado, sobrando apenas 11% para BB e Caixa.
"A sociedade precisa reagir. Está mais do que explícito de que os bancos não querem reduzir os juros no Brasil, os maiores do mundo. É também inaceitável que os bancos públicos sigam a mesma cartilha do setor privado, suspendendo o consignado para os aposentados. É a hora de toda a sociedade exigir juros baixos neste país e o BB e a Caixa têm a obrigação moral de começar a dar o exemplo”, acrescentou Kátia.
Reunião de urgência
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, convocou para segunda-feira (20) uma reunião com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Previdência Social, Carlos Lupi, para decidir o futuro do crédito consignado para aposentados.
Indústrias também reclamam
Os juros nas alturas não prejudicam apenas a população. O setor produtivo, como indústria e comércio, também penam com o crédito mais caro do planeta e querem a redução das taxas praticadas pelos bancos. Em entrevista à imprensa, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o engenheiro e empresário Robson Braga de Andrade, detonou a decisão do BC de manter as taxas básicas altos.
“Os juros no Brasil são exorbitantes. Com inflação de cerca de 6% temos a Selic em 13,75%, sem contar que o juro da indústria chega a quase 20%. Assim fica muito difícil produzir”, reclamou.
Até o agronegócio tem sua produtividade afetada pelo encarecimento do mercado de crédito.
“Vemos diversos desafios na parte operacional, sendo o principal deles o acesso ao crédito, em especial à pequenos e médios produtores”, avaliou Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP.