Deusa Patrício pediu a colaboração doa moradores para que a região ficasse limpa e organizadaMauro Touguinhó
Rio - O outono começa oficialmente no dia 20 de março. Com a chegada da nova estação, moradores do Rio deverão sofrer menos com as enchentes que sempre provocam tantos transtornos. No próximo verão, no entanto, a expectativa da prefeitura é deixar a cidade bem mais preparada. Para amenizar os problemas crônicos dos alagamentos, a Rio-Águas promete a retirada de mais de 600 mil toneladas de sedimentos do fundo dos principais rios, o que equivale a 140 piscinas olímpicas cheias de detritos. Um aumento de 22% em relação ao que foi retirado em 2022, com investimentos de R$ 179 milhões em obras de infraestrutura e desassoreamento até dezembro, quando começa a estação mais quente e chuvosa do ano.
Moradora de Barros Filho, na Zona Norte, Alzenda Catarina Lima de Souza, de 42 anos, está cansada dos prejuízos que já teve com as inundações. Ela mora em frente ao Rio Acari, que passa também pelos bairros de Acari, Fazenda Botafogo e Honório Gurgel, e fiscaliza de perto o trabalho de desassoreamento feito no local. "O ambiente aqui melhorou. Se eles não estivessem fazendo a limpeza, com as chuvas que têm caído, já teria transbordado e teríamos perdido tudo. Eu mesma já perdi duas vezes as coisas. Agora está bem melhor, sem o cheiro horrível que tinha antes", afirma a recicladora.
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Já a aposentada Deusa Patrício de Lima, 61, conta que foi necessária a participação de moradores no plantio de árvores e organização de coleta de lixo para manter manter o local limpo e organizado. "Antes, quando chovia aqui, era mais complicado. Tinham muitas enchentes e entrava água na casa da maioria das pessoas, inclusive na minha já entrou. Agora não entra mais. Ficou mais cheiroso e bonito. A prefeitura colocou grama, e nós moradores plantamos algumas árvores e organizamos a coleta de lixo", revela.
A ação de prevenção de enchentes e alagamentos já retirou 114 mil toneladas de resíduos, o equivalente e 9.500 caminhões cheios. O investimento é de R$ 8,7 milhões. “Os moradores das áreas próximas que passaram por limpeza já podem sentir os efeitos neste verão. Ao todo, os trabalhos ocorrerão em mais de 3.200 metros de rio, de onde é estimada a retirada de mais de 200 mil toneladas de material, que representam mais de 16.600 caminhões”, detalha o presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson Santos.
Atualmente, o órgão executa 18 ações em grandes rios, entre eles os canais do Itá, em Santa Cruz, e de Sernambetiba, conhecido como Rio Morto, no Recreio, e o Rio Campinho, em Campo Grande, todos na Zona Oeste do Rio, além do Acari, na Zona Norte. Já foram retirados mais de 120 mil resíduos deles.
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Há ainda outras 14 obras, como a de drenagem no entorno do Mercadão de Madureira e em Campo Grande (na Vila Ieda e nas adjacências da Avenida Paulo Afonso), além de canalização de grandes cursos d'águas como o Tindiba, em Jacarepaguá, e do afluente do Rio Pavuna, e urbanização e drenagem nas comunidades do Rollas, em Santa Cruz, e Jardim Maravilha, em Guaratiba.
Além disso, a Rio-Águas está com 18 frentes de manutenção. Até dezembro, a concessionária vai investir R$ 53 milhões no serviços. As atividades incluem desassoreamento, desobstrução, limpeza e conservação dos rios o ano inteiro. "É um trabalho constante, não só nos cursos d'águas, como galerias de menor porte, bueiros e limpeza de ralos. Estamos ampliando o investimento nos rios para dar maior tranquilidade em relação aos eventos de chuva na cidade", completa o presidente da fundação.
Em Vargem Grande, a paisagista Édila Araújo, 59, conta que ficou três dias presa em casa e já precisou ajudar os vizinhos por conta do transbordamento dos canais do Cascalho e de Sernambetiba. Para ficar mais tranquila, ela quer ver a obra completa o mais rápido possível.
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"Antes tinha inundação aqui com qualquer menor chuva. Então é bem importante essa obra de desassoreamento nos dois canais, porque eles se encontram. Se não fosse assim, nós teríamos o mesmo problema que sempre teve. Eu já fiquei três dias presa dentro de casa e já tivemos que usar salva-vidas para tirar outras pessoas de casa. Nas últimas chuvas, já não encheu tanto, então eu estou mais tranquila. Espero que a obra seja concluída logo, para eu poder ficar mais tranquila ainda", avisa.
Também responsável por serviços que preparam a cidade para as chuvas de verão, a Secretaria de Infraestrutura possui 133 ações de prevenção de riscos hidrológicos e geológicos em andamento ou sendo licitadas, além de contatos de manutenção e infraestrutura com outros órgãos (Geo-Rio, Rio-Águas e Conservação). Esses últimos incluem a limpeza e desassoreamento dos fluxos, recuperação estrutural e limpeza de caneletas de drenagem em encostas, e limpeza, conservação e reparos de galerias pluviais.
Procurada por O DIA, a Geo-Rio informou que vem atuando em pontos estratégicos e preventivos, tendo feito mais de 50 obras de contenção, inclusive sete na Rocinha, beneficiando mais de 300 mil moradores.
Já a Secretaria Municipal de Conservação informou que limpou mais de 536.300 metros de galerias de águas pluviais e mais de 171 mil caixas de ralo desde 2021. Também foi feita a instalação e reposição de mais de 10.200 grelhas e tampões. A Conservação ainda integra a Operação Ralo Limpo, que já desobstruiu mais de 1.100 caixas de ralo e poços de visita, além de mais de 8.400 metros de galerias de águas pluviais.