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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
As trabalhadoras brasileiras cada vez mais se qualificam profissionalmente e conquistam mais espaço no mercado de trabalho e na vida social. No entanto, apesar da redução dos salários delas em relação aos dos homens estar numa linha descendente na última década, a desigualdade é ainda muito alta: empregados do sexo masculino ganharam 21.15% a mais que as mulheres nos últimos quatro anos. A diferença se dá, muitas vezes, mesmo quando elas têm igual ou até mais escolaridade e qualificação numa mesma função. A situação se agravou anda mais em 2021. As trabalhadoras ganharam em média 20,5% menos do que os homens no quarto trimestre de 2021, contra 19,70% a menos no final de 2020.
Segundo o último censo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, elas receberam apenas 77,7% dos salários dos homens.
E quanto mais elevado o cargo, maior a desigualdade. Neste grupo, os salários das mulheres representam 61,9% do que ganham os homens. Isto quando elas ocupam cargos gerenciais, já que apenas 34,7% delas estão nestas funções de chefia e de melhores rendimentos. E olha que tem mais mulheres com curso superior que os homens: 25,1% concluíram a faculdade contra 18,3%, na faixa etária de 25 a 34 anos.
Queda na renda
Como mostrou o IBGE, a renda média do trabalho encolheu 10,7% em um ano, para R$ 2.447, atingido no 4º trimestre de 2021 o menor valor da série histórica. Mas as mais afetadas são as mulheres, mostrando que o mercado de trabalho brasileiro tem o ranço machista enraizado em todas as áreas da sociedade.
A queda do rendimento médio do trabalho foi mais intensa para as mulheres (11,25%), enquanto que o recuo para os homens ficou abaixo da média do país: 10,42%.
“A desigualdade no Brasil é um problema cultural e estrutural na nossa sociedade e que, apesar do avanço conquistado, ainda persiste, mesmo com as mulheres tendo na média, uma escolaridade maior do que a dos homens”, disse a vice-presidenta do Sindicato, Kátia Branco.
Disparidade continua
O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos) divulgou números que confirmam a desigualdade. Apesar de representar 44% do total da força de trabalho do país, as mulheres são maioria entre os desempregados (55,5%). E ainda recebem, em média, 21% menos que os homens - o equivalente a R$ 2.305 contra R$ 2.909 pagos aos homens.
Dos 75 milhões de lares no país, 50,8% são liderados por mulheres, o que corresponde a 38,1 milhões de famílias. As mulheres negras lideram 21,5 milhões de lares (56,5%) e as não negras, 16,6 milhões (43,5%). “No caso das famílias chefiadas por mulheres negras com filhos, a renda média é ainda menor”, explica Kátia.
Números da desigualdade
• De 2020 para 2021, a diferença de salários dos homens em relação às mulheres cresceu: 19,7% para 20,5%
• A queda do rendimento médio das mulheres no 4º trimestre de 2021 foi maior entre mulheres: 11,25% contra 10,42%
• A taxa de desempregados no Brasil entre homens foi de 9% no final de 2021, enquanto que a das mulheres foi de 13,9%.
• O homem consegue ocupações com salários mais altos e mais trabalhos formais, enquanto a mulher, por causa da jornada dupla ou tripla acaba tendo que aceitar condições piores.