Sexta, 10 Fevereiro 2023 14:21
BRADESCO

Sindicato vai intensificar protestos contra fechamento de agências e demissões

Movimento sindical manterá também campanha pelo direito dos clientes ao atendimento presencial nas unidades e promete denunciar caso aos órgãos fiscalizadores
O Sindicato promete mais protestos contra o fechamento de agências, demissões e o desrespeito do Bradesco para com clientes e os bancários O Sindicato promete mais protestos contra o fechamento de agências, demissões e o desrespeito do Bradesco para com clientes e os bancários Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O Sindicato dos Bancários do Rio promete dar uma resposta dura à prática do Bradesco de fechar agências e demitir bancários.

“Vamos realizar novos protestos ainda esta semana e cobramos do Bradesco o fim das demissões e do fechamento de agências, que sobrecarregam ainda mais os empregados, com assédio moral e a incerteza de que o bancário continuará em seu emprego. O banco ainda está reduzindo drasticamente o número de caixas eletrônicos e continua se negando a atender a população, inclusive idosos”, destacou o diretor da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato, Geraldo Ferraz, que confirmou a informação de que as entidades sindicais vão denunciar o Bradesco ao Banco Central, Procon e Ministério Público Estadual em função do desrespeito para com os consumidores.

Segundo denúncia de funcionários, somente na capital fluminense o banco pretende fechar pelo menos 11 agências físicas até o dia 24 de março.

A falácia da realocação

Apesar da promessa de realocar os bancários das unidades que serão extintas, o histórico dos bancos provados mostra que sempre há demissões em massa nestes casos.

“O Bradesco demonstra pouco se importar com seus funcionários e clientes. Fecham agências e demitem funcionários, mesmo após as falsas promessas de realocação para outras unidades”, afirma o diretor do Sindicato, Herbert Corrêa. O dirigente sindical disse ainda que, para quem continua trabalhando no banco e escapa das dispensas, a sobrecarga de trabalho e a pressão aumentam ainda mais.

“O banco compromete ainda mais a saúde mental daqueles que continuam nas agências defendendo o sustento de suas famílias, trabalhando em unidades superlotadas o que torna o atendimento ao cliente ainda mais precário, gerando tensão e revolta na população que, com razão, cobra serviços de qualidade”, acrescentou. O número de trabalhadores adoecidos, inclusive de doenças psíquicas, não para de crescer, o que confirma as denúncias dos sindicalistas.

Caso Americanas e lucro

Mesmo com impacto negativo do rombo das Americanas SA, o Bradesco ainda teve um resultado elevadíssimo, com lucro líquido R$1,437 bilhões no quarto trimestre de 2022, segundo balanço divulgado na quinta-feira (9). Mesmo com a queda de 54,7% em relação ao mesmo período do ano passado e tendo o pior desempenho em mais de 15 anos, os ganhos ainda são superiores se comparados a qualquer outro setor da economia. O escândalo contábil das Americanas, no início deste ano explica a queda nos lucros. A varejista deve ao banco mais de R$ 4 bilhões.  

“A tendência é a de que este rombo cause impacto nos resultados dos bancos que são credores da Americanas e de uma extensa rede de fornecedores da empresa, que também pode ficar sem receber. Estas instituições financeiras, especialmente as privadas, por sua vez, atuarão de forma pró-cíclica, reduzindo a oferta de crédito e elevando as taxas de juros, o que pode aprofundar as dificuldades da economia”, explicou o economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), um dos responsáveis pela elaboração do documento “O caso das Americanas S.A. e potenciais impactos para os trabalhadores e o sistema financeiro brasileiro”, publicado para contribuir com o debate do movimento sindical sobre o tema.

Dinheiro de sobra

No entanto, na prática, o banco não sofre tanto com a queda nos lucros como parece aos olhos dos mais desavisados, pois mais do que triplicou suas reservas para calotes na comparação anual. Segundo relatório divulgado pelo próprio Bradesco, a provisão para devedores duvidosos (PDD) expandida somou R$ 14,881 bilhões no quarto trimestre de 2022 - esse valor era de R$ 4,283 bilhões em igual período de 2021. Em relação ao terceiro trimestre (R$ 7,267 bilhões), a alta foi de 104,8%.

“Essa velha estratégia do sistema financeiro, na verdade, esconde o dinheiro que o banco mantém em seus cofres, não computando oficialmente no lucro líquido os quase R$15 bilhões em seu resultado, grana guardada como provisão, caso haja a inadimplência esperada pela direção da instituição financeira”, explicou Geraldo Ferraz.

Os sindicatos exigem proteção aos direitos trabalhistas e melhorias nas normas de fiscalização e maior controle das empresas para evitar a “socialização apenas dos prejuízos”.

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