Quinta, 09 Fevereiro 2023 18:44

Um dos controladores das Americanas é sócio da Light que agora entra em crise

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Os sócios da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são os controladores das Lojas Americanas e estiveram nesta posição durante todo o período em que foi armada a fraude contábil responsável pela geração de um rombo de mais de R$ 40 bilhões. Investigações apontam que o mesmo pode ter acontecido com a gigante Ambev, a maior cervejaria do mundo, também controlada pelo trio de bilionários.

Os três controlam também outras grandes empresas multinacionais, como a Burger King. A próxima a entrar em crise, no Brasil, parece ser a Light. Privatizada em 1996, passou a ter em 2020, como um de seus sócios, Carlos Alberto Sicupira, um dos principais pivôs do escândalo das Americanas. O bilionário foi convidado a participar do negócio pelo amigo Ronaldo Cezar Coelho, ex-tesoureiro do PSDB, e detentor de 20% do controle da ex-estatal. Até aquele ano a situação da empresa do setor elétrico parecia ser estável com previsão de expansão.

No início de fevereiro último, no entanto, a Light informou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não ter caixa para sustentar suas operações. Como ocorreu com as Americanas, poderá pedir entrada no processo de recuperação judicial.

Embora a Light seja uma das três únicas distribuidoras de energia do estado do Rio e uma das maiores, agora alega dificuldades financeiras relacionadas 'a perdas de energia'. A empresa privatizada, diz ainda, que estaria enfrentando problemas para rolar suas dívidas, o que levou a rumores de uma iminente recuperação judicial. Precisaria de uma injeção de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos.

A concessão da Light ao setor privado termina em 2026.

Busca por lucro fácil

Para Adhemar Mineiro, economista e ex-integrante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), é curioso verificar que do grupo de controle da Eletrobras (estatal privatizada pelo governo Bolsonaro) participam investidores que também estão no controle das Americanas, um deles (Sicupira) também na Light.

“Isso mostra uma busca por lucro fácil e de curto prazo, com estes processos de privatização, e, no caso do setor elétrico, são empresas estratégicas para o desenvolvimento nacional, onde tinha que ter planejamento e perspectivas de longo prazo”, avaliou. Acrescentou ser muito danoso entregar estes setores a quem busca a ganância do lucro em prazo muito curto, aos quais chamou de 'pescadores de águas turvas', que ganham, com a pouca transparência, tanto nos próprios processos de privatização das empresas, quanto depois, na sua gestão.

“Tudo isto está sendo comprovado em várias empresas privadas, em que mesmo os processos de auditoria são muito pouco confiáveis”, disse, numa referência às Americanas, que teve suas contas aprovadas pela Price Waterhouse Coopers (PwC), a mesma contratada pelo governo Bolsonaro para fixar o preço da ação para a venda da Eletrobras. Segundo o Sindicato dos Eletricitários, o valor foi muito rebaixado.

“Toda esta situação deveria ligar o alerta da população a respeito, tanto dos processos de privatização que foram levados adiante, e em especial nestes setores concentrados, nas mãos de poucas empresas”, argumentou.

Mídia