Quarta, 25 Janeiro 2023 14:11

Um ano sem punição aos assassinos do congolês Moise Kabagambe

Protestos cobram fim da impunidade dos envolvidos no assassinato Protestos cobram fim da impunidade dos envolvidos no assassinato

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Nesta terça-feira (24/1), o assassinato a pauladas, do jovem congolês, Moise Kabagambe, completou um ano, sem que nenhum dos envolvidos fosse punido. Familiares do imigrante disseram, durante homenagens no Cristo Redentor, na data, que a justiça está sendo muito lenta no caso.

Os três acusados pela morte de Moîse - Fábio Pirineus da Silva, Brendon Alexander Luz da Silva e Alesson Cristiano de Oliveira Fonseca - foram denunciados pelo Ministério Público, mas ainda não foram condenados. O processo tramita na 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em uma missa celebrada no Santuário do Cristo Redentor, no Rio, a mãe de Moïse, Lotsove Lolo Lavy Ivone, disse que espera por mais celeridade no julgamento dos culpados.

Racismo e xenofobia

Almir Aguiar, diretor da Secretaria da Contraf-CUT de Combate ao Racismo, frisou que o jovem foi assassinado brutalmente, mas mesmo com todas as provas a justiça anda a passos lentos. “Moise e sua família buscaram refúgio no Brasil em função da violência e perseguição em seu país mas não encontraram a proteção tão esperada, tendo ele a sua vida ceifada por racismo e xenofobia”, afirmou.

No início da tarde desta terça, amigos, familiares, ativistas de direitos humanos e parlamentares, entre outros, se concentraram em frente ao quiosque Tropicália, na altura do posto 8, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, para prestar homenagem a Moïse com velas acesas e flores. O ato foi organizado pela família do congolês.

Vídeo é prova do assassinato

Em entrevista ao G1, também no alto do Cristo Redentor, o irmão mais velho de Moïse, Maurice, questionou a demora pelo fato de haverem provas, como vídeos, que atestam que o congolês continuou sendo espancado ao lado de um quiosque na Barra da Tijuca mesmo depois que já se encontrava desacordado e possivelmente morto.

"Bateram nele até o último minuto, quando ele já estava caído no chão. E continuaram batendo. E dizem que não tinham a intenção de matar. Como pode? Se não tivesse vídeos iam dizer que meu irmão era bandido. Tem vídeos, mas nada acontece, já tem um ano e nada acontece", disse Maurice.

Mais protestos no sábado

No próximo sábado, 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho escravo, haverá um evento gratuito no Quiosque Moïse, no Parque Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, para reforçar as ações contra o trabalho escravo e para homenagear o congolês, assassinado em janeiro de 2022 ao cobrar seus direitos como trabalhador em um quiosque na Barra da Tijuca.

O Projeto Ação Integrada: Resgatando a Cidadania (ProjAI), que trabalha há quase 10 anos dando assistência psicossocial a pessoas resgatadas do trabalho escravo, está promovendo o evento, que tem início às 10h com um café da manhã congolês preparado pela própria família do Moïse.

Às 11h começará a mesa de debate sobre o tema do trabalho análogo à escravidão. Entre os participantes, estarão representantes de instituições atuantes na causa do trabalho escravo e da migração, como o Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) e a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo no Rio de Janeiro (COETRAE-RJ).

*Com informações do site Brasil de Fato.

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