Segunda, 23 Janeiro 2023 21:51

Escândalo da Americanas faz Rial se demitir do Santander

Ex-presidente do Conselho do Santander Brasil, Sérgio Rial Ex-presidente do Conselho do Santander Brasil, Sérgio Rial

O ex-presidente executivo do Santander Brasil, Sérgio Rial, renunciou, na sexta-feira passada (20/1), à presidência do Conselho de Administração da seção brasileira do banco espanhol. A saída acontece nove dias depois de pedir demissão do cargo de presidente das Lojas Americanas após divulgar um rombo de R$ 20 bilhões fruto de fraudes contábeis no balanço da varejista.
O valor do rombo é relacionado a uma operação financeira conhecida como "risco sacado": a companhia pega dinheiro emprestado com bancos para comprar de fornecedores. Um dos credores é o Santander, mas há dívidas com o Bradesco, Itaú e BTG-Pactual de Paulo Guedes. Segundo informações do mercado financeiro, a fraude consistia em não registrar os valores como dívida bancária, mas como dívidas aos fornecedores, e os pagamentos dos juros devidos como redução do valor da dívida com os fornecedores, não como despesa financeira.

Investigações

Segundo investigações preliminares, o que Rial chamou de ‘inconsistências contábeis’ já vinham sendo praticadas durante anos, e não apenas em 2022. O principal controlador da Americanas era o fundo de investimentos 3G Capital, dos três bilionários brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A suspeita que o trio soubesse da fraude bilionária é reforçada diante das notícias de que membros da diretoria da empresa teriam vendido quantias expressivas em ações pouco tempo antes de o caso ser divulgado por Rial. O ex-presidente do Conselho de Administração do Santander Brasil foi para o cargo nas Americanas, substituindo a Miguel Gutierrez, indicado em 2003 por Lemann, Sicupira e Telles para ocupar o cargo de CEO da varejista. Segundo a mídia, Gutierrez ainda não se pronunciou sobre a fraude contábil, e, teria, conforme revelou o colunista de O Globo, Lauro Jardim, viajado para a Espanha.

Americanas e Eletrobrás

Toda esta negociata se agrava ainda mais pelo fato de envolver a Price Waterhouse Coopers (PwC), uma das quatro maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. A PwC, teria aprovado os balanços fraudulentos das lojas Americanas. Os acionistas minoritários da Americanas vão entrar com ação contra a consultoria multinacional pela prática de crimes contra o mercado de capitais e financeiro do Brasil.
A mesma consultoria foi contratada pelo governo Bolsonaro para fixar o valor de venda das ações da Eletrobras em R$ 42, resultando em cerca de R$ 30 bilhões o valor total para a venda da empresa, uma das maiores do setor energético do mundo. Na época dos fatos, a Eletrobrás tinha em caixa R$ 15 bilhões, e ainda possuía mais R$ 44 bilhões a receber nos próximos quatro anos.
O valor pífio estipulado pela consultoria representa cerca de 5% do montante necessário para se construir toda a estrutura da ex-estatal, investimentos entre R$ 470 bi e R$ 600 bilhões para construir 22 usinas hidrelétricas já amortizadas ou em fase de amortização que correspondem a 48,25% da potência hidrelétrica instalada no país. Tendo ainda, somente em valores de ativos de transmissão, a soma de R$ 50 bilhões, bem como as participações em empresas do setor que chegam a R$ 29 bilhões.

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