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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Há um consenso entre o governo Lula, partidos progressistas, entidades da sociedade civil, ambientalistas e procuradores do Ministério Público Federal de que o governo Jair Bolsonaro é o responsável pelas mortes de crianças, adultos e idosos da Reserva Ianomâmi em Roraima. Devido à gravidade do caso e das fotos dos indígenas cadavéricos divulgadas na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi no último domingo ao estado levando oito ministros para tomar medidas urgentes a fim de salvar a população Ianomâmi e levantar dados para punir os responsáveis.
Lula afirmou que o abandono dos indígenas pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um crime premeditado e um genocídio. “Mais que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio. Um crime premeditado contra os Ianomâmis, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro”, disse.
“Não haverá mais genocídios. A humanidade tem uma dívida histórica com os povos indígenas, que preservam o meio ambiente e ajudam a conter os efeitos das mudanças climáticas. Essa dívida será paga, em nome da sobrevivência do planeta”, completou.
Deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) no domingo (22) com pedido de investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), que comandou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, por suposto cometimento do crime de genocídio contra indígenas Ianomâmi.
Garimpos ilegais
Durante o governo do extremista de direita Jair Bolsonaro, o número de mortes de crianças com menos de cinco anos por causas evitáveis aumentou 29% no território: 570 pequenos indígenas morreram nos últimos 4 anos por doenças que têm tratamento. O desmonte da saúde indígena durante o governo Bolsonaro levou várias aldeias ao colapso sanitário. Com pouco acesso à saúde e medicamentos em falta, crianças e velhos morrem de desnutrição ou por doenças tratáveis, como vermes, pneumonia e diarreia.
A falta de fiscalização e repressão, e mesmo o incentivo do governo anterior, levou à reserva indígena, milhares de garimpos ilegais. A maioria das mortes dos Ianomâmis se deveu a contaminação por mercúrio, usado pelas mineradoras e garimpeiros, e à transmissão de doenças como a malária, além da fuga de peixes e outros animais que fazem parte da alimentação da população, levando-a à desnutrição.
Estado de emergência
Na sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge a etnia no estado. Segundo o governo, a crise sanitária teria resultado na morte de 570 crianças por desnutrição e questões sanitárias nos últimos anos quatro anos.
No sábado, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também afirmou, pelas redes sociais, que protocolará um ofício pedindo investigações sobre o caso. "Há fortes indícios de crime de genocídio e outros crimes, que serão apurados pela Polícia Federal, conforme ofício que enviarei na segunda-feira (23)", disse.