Sexta, 11 Fevereiro 2022 20:36

Lucro do Itaú salta 45%, com disparada dos juros, tarifas e fechamento de agências

Bancários protestam contra demissões, sobrecarga de trabalho e fechamento de agências no banco. Bancários protestam contra demissões, sobrecarga de trabalho e fechamento de agências no banco.

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Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Uma ilha de prosperidade no meio da quebradeira geral de empresas, alto desemprego, disparada da inflação, queda na renda das famílias e aumento da miséria. Assim poderia ser explicado o mar de tranquilidade e lucros exorbitantes do sistema financeiro, situação para a qual a política econômica do governo Bolsonaro tem contribuído decisivamente, seja através da alta dos juros básicos, seja pelo corte da verba do Orçamento da União para áreas sociais priorizando o pagamento da dívida pública aos bancos. 

Um exemplo desta situação foi o salto de 45%, isso mesmo, 45% no lucro do Itaú que passou de R$ 18,5 bilhões em 2020 para R$ 26,9 bilhões em 2021. Izabel Menezes, diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Organização dos Empregados (COE) frisa que os bancários, responsáveis pelo aumento recorde da lucratividade, ao invés de valorizados, estão sendo punidos com o aumento da sobrecarga de trabalho, consequência das demissões na rede de agências, fechamento de agências e o crescimento absurdo das metas, mesmo em plena pandemia. “Outros que pagaram caro pelo resultado foram os clientes que viram a redução no número de funcionários fazer despencar a qualidade do atendimento e, mesmo com isto, as tarifas cresceram, sendo um dos fatores da expansão astronômica do lucro”, argumentou.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 9,3% e alcançou R$ 43,3 bilhões. Outro fator que fez aumentar significativamente o lucro, mas que se constituiu em mais um entrave para a retomada da atividade econômica, foi a disparada dos juros, seguindo o aumento da taxa básica de juros (Selic) imposta pelo governo Bolsonaro, via Banco Central.

A taxa de juros média geral dos bancos para pessoa física subiu 1,51% nos últimos doze meses, passando de 6,39% ao mês (110,29% ao ano) em dezembro de 2021 para 6,46% ao mês (111,95% ao ano) em janeiro de 2022. É a maior taxa de juros desde dezembro de 2019.

Levando em consideração todas as elevações da taxa básica de juros desde janeiro de 2021, neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 20,91%, saindo de 92,59% ao ano em janeiro de 2021 para 111,95% ao ano. No Itaú os juros estratosféricos fizeram crescer a receita com empréstimos. Já o aumento da Selic, que passou de 2% ao ano em março de 2021 para os atuais 10,75%, foi um excelente negócio, não só para o Itaú, como para todos os bancos, os grandes detentores dos papéis da dívida pública, na mesma proporção em que impactou negativamente a retomada de financiamentos, mantendo a economia estagnada.

Lucro não melhora atendimento

A alta dos juros do Itaú talvez ajude a explicar a expansão da carteira de crédito do banco (18,2%, subindo para R$ 1.027 bilhões), operações com pessoas físicas (30,2%, para R$ 331,7 bilhões) e operações com pessoas jurídicas (11,3%, para R$ 282,6 bilhões). O segmento de micro e pequenas empresas foi responsável pela movimentação de R$ 149,6 bilhões, valor que representa alta de 23,1%.

Jair Alves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) frisa que esse resultado do banco que parece excelente, na verdade reflete a difícil situação econômica do Brasil; a alta dos juros, por exemplo, foi um dos fatores responsáveis pela elevação do lucro da instituição. Outro ponto que o dirigente ressalta é o aumento de empregados.

“As contratações estão vinculadas ao crescimento de agências digitais, voltadas para a área de tecnologia. Nas agências houve diminuição de funcionários, e aqueles que ficaram estão com acumulo de funções; assim, esse lucro é também fruto da sobrecarga de trabalho que funcionários do Itaú estão tendo”, argumentou.

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