Terça, 06 Abril 2021 19:55

Nem tragédia da covid impede Itaú de demitir em massa

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Nem mesmo a tragédia da covid-19, que já matou mais de 330 mil pessoas no Brasil, impede o Itaú de demitir em massa pais e mães de família. Apenas no Rio de Janeiro foram dez colocados na rua nesta terça-feira (6/4), só contabilizando as informações que chegaram ao Sindicato, o que significa que o número pode ser ainda maior. Uma crueldade e irresponsabilidade social indescritíveis já que os bancários e bancárias demitidos vão se somar a um exército de desempregados, em função da estagnação da economia, menos, é claro, do sistema financeiro. O Itaú, por exemplo, vem nadando de braçada: teve lucro de mais de R$ 18,9 bilhões em 2020, não se justificando os cortes de pessoal.

“As demissões em massa no meio desta tragédia que assola o país mostram a irresponsabilidade do banco. E não há qualquer justificativa, já que a lucratividade continua em alta, mesmo com a pandemia”, afirmou a diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Organização dos Empregados (COE), Izabel Menezes. Segundo denunciou, o Itaú vem alegando ‘baixa produtividade’ para as dispensas.

Para a dirigente, isto mostra a cara de pau do banco. “Como ter produtividade alta com a economia estagnada, com o isolamento social, com empresas quebrando, com a recusa do governo em investir para ajudar a recuperar a atividade econômica? Cobrar que se atinja metas inalcançáveis neste contexto é armar uma situação que justifique as demissões. É uma covardia”, acusou.

Izabel acrescentou que os bancários só são considerados categoria essencial na hora de obrigá-los a trabalhar, correndo o sério risco de contaminação, com centenas de mortes nos bancos, mas que na hora de vacinar, estão de fora dos grupos prioritários. “Cobramos, mas os banqueiros se fazem de desentendidos”, criticou. Disse que a pressão do sistema financeiro fez com que o governo do estado incluísse os bancários como essenciais, sendo obrigados a trabalhar no feriadão da covid. Mas o entendimento do Sindicato é o de que o trabalho no feriado deve ser pago em dobro ou, no mínimo, trocado por folga.

A dirigente orientou os bancários demitidos a procurarem o Sindicato para entrar com ação de reintegração. “O Judiciário está reintegrando com base no compromisso dos bancos de não demitir na pandemia. É preciso que os bancários nos procurem para mover ações de imediato”, disse.  

Vacinação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) enviou um ofício à deputada federal Celina Leão (PP-DF), relatora do Projeto de Lei que estabelece prioridade para 16 grupos dentro do plano de vacinação contra a Covid-19, para solicitar a inclusão da categoria bancária no Plano Nacional de Imunização (PNI), em caráter emergencial.

Na semana passada, após divergências na Câmara dos Deputados, a votação do PL foi adiada. O texto original do projeto, de autoria do deputado Vicentinho Júnior (PL-TO) e outros, inclui nos grupos prioritários os caminhoneiros autônomos e profissionais do transporte de cargas e mercadorias. Já o texto-base da relatora também prioriza os trabalhadores de transporte coletivo rodoviário e metroviário de passageiros; as pessoas com doenças crônicas e que tiveram embolia pulmonar; e os agentes de segurança pública e privada, desde que estejam comprovadamente em atividade externa.

A Contraf-CUT reivindica que os bancários também estejam nesta lista, já que a atividade bancária é considerada essencial nos termos do Decreto n° 10.282 de 20 de março de 2020, alterado pelo Decreto n° 10.329 de 28 de abril de 2020, que regulamenta a Lei n° 13.979 de 6 de fevereiro de 2020 e tem por finalidade atender às demandas de todos os clientes, usuários dos serviços e de toda a sociedade, inclusive dos beneficiários das políticas públicas vigentes, como o auxílio emergencial.

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