Quarta, 17 Março 2021 20:38
ITAÚ

COE questiona metas e aponta denúncias dos bancários sobre novo programa GERA

Situação se torna ainda mais difícil para os bancários em função da Covid-19. Bancários devem responder pesquisa da Contraf-CUT sobre o tema
Aumento das metas e da pressão, sobrecarga de trabalho e medo de ser demitido, tudo em plena pandemia. O novo programa GERA vem recebendo críticas do Sindicato e está adoecendo os bancários Aumento das metas e da pressão, sobrecarga de trabalho e medo de ser demitido, tudo em plena pandemia. O novo programa GERA vem recebendo críticas do Sindicato e está adoecendo os bancários

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Desde a época do Programa AGIR, do Itaú, que os sindicatos cobram do banco um diálogo para apontar os problemas e dificuldades na imposição de metas absurdas, que adoecem os bancários e uma saída para a adaptação dos empregados com a criação de um modelo mais equilibrado e humano na busca dos resultados da empresa. Os bancários denunciam que, na implantação do novo programa de remuneração variável, o GERA, a situação está ainda pior, pois as metas se tornaram inalcançáveis e num momento de grave crise sanitária e econômica em função da pandemia da Covid-19. O novo modelo está em fase de testes em agências de Guarulhos (SP) e do Rio de Janeiro.

Esta demanda foi o tema principal da reunião por videoconferência  realizada entre a COE (Comissão de Organização dos Empregados) com representantes do Itaú, na quarta-feira, dia 17 de março.

Melhor que o AGIR?

O Itaú abriu a reunião com uma apresentação do programa GERA, que aborda os pilares de autonomia, reconhecimento, simplificação e colaboração. O pagamento é mensal e semestral. No mensal são consideradas a produção do funcionário e a satisfação do cliente e no semestral é variável considerando a questão financeira e a satisfação do cliente.

Na avaliação do banco, o novo programa  “é melhor que o AGIR”, porém as denúncias dos bancários mostram que as metas pioraram e se tornaram inatingíveis.

“Com metas impossíveis de serem atingidas vem o aumento do assédio moral, de demissões e de bancários adoecidos e de licença médica”, rebate a diretora do Sindicato do Rio e membro da COE, Maria Izabel, que participou da negociação.

“As metas de abertura de contas e de renegociação dobraram, as de empréstimo e as de Giro passaram de 300 mil para 1 milhão, um verdadeiro absurdo. Se tornaram inalcançáveis”, denuncia.

Dificuldades de adaptação

O projeto-piloto está acontecendo de maneira precária, em agências com falta de funcionários. No Rio de Janeiro, o programa vem sendo implementado com um novo modelo de agência, que ainda não chegou a capital, mas já funciona em uma agência em São João de Mereti, na Baixada Fluminense, e nas demais unidades tradicionais.

“A informação que temos é que os bancários estão tendo muita dificuldade de adaptação a este novo modelo de agências do programa GERA. O banco não está dando o suporte necessário para os funcionários diante da imposição de metas inalcançáveis e de modificações na pontuação e a situação é ainda pior em função da pandemia, pois o Itaú cobra resultados num modelo com tantas alterações num período de grave crise sanitária e econômica”, explica Maria Izabel. 

Sobrecarga de trabalho

Nas agências menores a situação é ainda pior, com mais sobrecarga de trabalho. Na ausência do Gerente Administrativo (GA) ou do líder de negócio, o Gerente Geral de Agência (GGA)  tem que se desdobrar para operacionalizar a agência, temporizar os cofres, abastecer e contar o numerário oriundo dos diversos caixas eletrônicos, além de entregar a meta do VAI (vendas atendimento Itaú) e do GERA.

“Os funcionários estão desesperados com a mudança de função, pois têm de aprender, executar, bater meta, atender cliente e tudo durante a pandemia do coronavírus”, acrescenta Izabel. Com as mudanças nos cargos, os atendentes estão tendo que abrir caixas sem receber o treinamento adequado, o que gera problemas que recaem sempre sobre a responsabilidade dos bancários.

Segundo denúncias dos funcionários, quando não há ninguém para ser atendido, os bancários da Área Operacional precisam ir até o local de retirada das senhas a fim de pegar a papeleta para dar baixa e não se prejudicar na meta.

Demissões

Os sindicalistas cobraram também o fim do processo de demissões que está relacionado ao nível absurdo de metas.

“O banco alega que as dispensas nada têm a ver com as exigências do novo programa de metas, mas, na realidade,  nós sabemos que há uma relação entre uma coisa e outra e é humanamente impossível atingir os resultados exigidos, ainda mais num momento em que a pandemia se agrava no Brasil e paralisa a economia do país”, destaca a dirigente sindical.

Aberto ao diálogo

Na avaliação do movimento sindical, o aspecto positivo da reunião foi a afirmação dos representantes do Itaú de que o novo modelo do programa GERA não é definitivo, mas está em fase de implementação e garantiram que o banco está aberto ao diálogo com os sindicatos para fazer alterações, buscando melhorias e corrigindo equívocos.

“A pandemia está no auge em nosso país, os funcionários estão trabalhando com medo, cheio de dúvidas, e não há um suporte necessário para ajudar os bancários. As metas aumentaram num período em que a economia do Brasil está estagnada, para não dizer em recessão”, ressalta a Izabel.

Desrespeito aos protocolos

A sindicalista disse ainda que o gestor, com medo de ser mandado embora, prefere aumentar a pressão e a cobrança sobre os bancários do que questionar  as anomalias do programa de metas. Em muitos casos, gerentes estão sendo orientados a não relatarem casos de Covid-19 para manterem as agências abertas e conseguirem bater as metas, com medo de serem demitidos.

“Infelizmente os gestores estão ignorando até mesmo os protocolos do próprio banco de prevenção à Covid-19, obrigando o bancário a fazer visitas e pressionando o cumprimento das metas que são cada vez mais absurdas. Estão colocando a busca de resultados acima da própria vida”, critica Izabel.

Responda a pesquisa

Será marcada uma nova negociação para debater o tema, mas o Sindicato lembra a importância de o bancário responder a pesquisa organizada pela Contraf-CUT e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para que as demandas dos empregados possam ser levadas à direção do banco.


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