Quarta, 09 Dezembro 2020 21:08

Após ser cobrado pela COE, Itaú apresenta novo modelo de agência

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

O formato do modelo de banco que o Itaú se prepara para colocar em prática, ainda não está pronto. O que existe de concreto é um projeto-piloto em 20 agências em que uma nova forma de funcionamento – as chamadas agências do futuro, Itaú 2030 – está sendo testada. As informações são do próprio banco e foram repassadas à Comissão de Organização dos Empregados em negociação no último dia 27, depois que a COE, cobrou explicações sobre o projeto, tratado em uma ‘live’ com os funcionários.

Na negociação os representantes do Itaú acrescentaram que o projeto começará em janeiro de 2021 e que informarão à COE quais serão as unidades que farão parte deste processo. Disseram ainda que no novo modelo as agências terão caixa híbrido e espaços de descanso e relaxamento para os funcionários. Explicaram que haverá mudanças no programa de remuneração variável das agências, que passará a se chamar "Gera" e terá metas mensais e semestrais. Nas mensais, a produção será medida individualmente com “cesta de produtos”, por exemplo.

O banco repetiu que o projeto será formulado tendo sempre como foco o cliente. Para Izabel Menezes, diretora do Sindicato e integrante da COE, para ter o cliente satisfeito é necessário também valorizar o funcionário. “O projeto do Itaú do futuro tem que levar em conta que uma coisa depende da outra, ou seja, o bancário tem que ser valorizado para que possa prestar um serviço de qualidade à clientela”, frisou.

Mudanças nas metas

As metas semestrais terão acelerador de vendas de 5 a 15%. Já a avaliação do SQV (Score de Qualidade de Vendas) – como pagamento de bônus – será incluída para o time comercial, dimensionamento do porte da agência e o gerente geral terá um contrato único para todo o segmento.

A COE questionou por que no evento virtual de apresentação do projeto aos funcionários, foram excluídos os da área operacional, que não foram citados em nenhum momento. “Os trabalhadores estavam com expectativas que não foram atingidas, causando frustação e o medo de demissões aumentou”, salientou Jair Alves, coordenador da COE.

Também foi questionado o novo modelo de layout que prevê espaços para relaxamento, já que muitas agências não têm estrutura para esta implantação. Além de ter poucos funcionários para realizar o atendimento, o que deixa muitas vezes o bancário sem horário de almoço.

“Solicitamos que os sindicatos participem da elaboração deste novo Programa de Remuneração. Esta reivindicação é antiga, já que o programa AGIR, existente no banco, exclui vários trabalhadores e possui metas inalcançáveis que causam o crescimento de doenças nos locais de trabalho”, completou Jair. Os representantes do banco se comprometeram a levar as reivindicações para serem discutidas internamente e darão retorno.

Grupo de risco

Na reunião, o Itaú também abordou o comunicado publicado sobre o retorno ao trabalho dos funcionários do grupo de risco da pandemia e da compensação das horas negativas. Explicou que, apesar da informação nele contida, o tema será debatido novamente com a COE assim que o acordo se encerrar, no início do próximo ano

“Esperamos que nenhum trabalhador seja prejudicado e que vidas sejam preservadas, pois a pandemia continua e o número de mortos aumenta a cada dia. Temos de garantir que os funcionários do grupo de risco estejam protegidos e consigam cumprir o banco de horas sem ter sua vida pessoal abalada”, afirmou o coordenador da COE.

PCR e bolsa de estudos

Na reunião foi cobrado também a resposta sobre a proposta apresentada de PCR e também entregue uma proposta para a bolsa educação para 2021/2022. “Queremos debater logo com o banco a bolsa educação para que os funcionários não tenham prejuízo, pois estamos em dezembro e as aulas se iniciam logo no começo do ano. A intenção é aumentar o número de bolsas e o valor que está muito baixo perto do que é cobrado nas universidades”, explicou Jair Alves.

Hoje, o Itaú oferece 5.500 bolsas no valor de R$ 410 e no ano passado houve mais de 10 mil inscritos. O movimento sindical acredita que o Itaú tem condições de aumentar o valor da bolsa, pois, mesmo com a pandemia, continua com lucros muito altos.

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