Sexta, 29 Mai 2020 20:56
DESCASO COM OS FUNCIONÁRIOS

Itaú reduz número de agências abertas, aumentando exposição ao Covid-19

O vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti e o diretor da entidade, Jorge Lourenço durante visita a uma agência do Itaú. Redução de unidades sobrecarrega os bancários nas unidades abertas, resultando em aglomerações que elevam o risco de contágio do Covid-19 O vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti e o diretor da entidade, Jorge Lourenço durante visita a uma agência do Itaú. Redução de unidades sobrecarrega os bancários nas unidades abertas, resultando em aglomerações que elevam o risco de contágio do Covid-19

 

Por Olyntho Contente

Da Redação do SeebRio

A cada dia mais se confirma o descaso do Itaú para com funcionários e clientes. Para manter seus lucros exorbitantes, alegando como objetivo atender a todos os clientes, o maior banco privado do país decidiu lançar mão da pior opção possível em meio ao rodízio de bancários preventivo à contaminação pelo novo coronavírus: fechar um determinado número de agências, concentrando o movimento nas que permaneceram abertas. Nas unidades em funcionamento, os bancários estão submetidos a uma sobrecarga ainda maior de trabalho e, pior ainda, ao risco de contaminação pela Covid-19, o mesmo ocorrendo com terceirizados e clientes, já que o espaço usado – e fechado – é o mesmo. O escalonamento de agências vem acontecendo na Zona Sul e em outros bairros da cidade, segundo denúncias que chegaram ao Sindicato.

Como era de se esperar, o novo esquema ‘inteligente’ do Itaú não funcionou, nem no que diz respeito apenas ao atendimento. Os clientes das agências fechadas, obviamente, dirigiram-se para as que foram mantidas abertas, aumentando o fluxo, o estresse e o perigo de disseminação do vírus. Mas, diante desta constatação, talvez os donos da ideia tenham pensado o mesmo que os ‘sábios’ de Brasília: ‘e daí?’

Semiescravidão dos GOs

Mas, como tudo pode ser sempre ainda pior, não há no escalonamento, previsão de um programa de rodizio para os supervisores e gerentes operacionais. Com isto, os GOs (Gerentes Operacionais) – agora chamados de ‘volantes’ – passaram a ser responsáveis por duas agências: começam o dia em uma, passam os envelopes às 14 horas, fecham a agência e vão para outra fazer o mesmo. Ou seja, passam por um regime que beira à semiescravidão, gerindo as agências abertas sobrecarregadas e ainda sendo responsáveis por fazer funcionar o autoatendimento das fechadas. Toda esta situação ainda gera um perigo ainda maior que é a intensificação do risco à contaminação pelo novo coronavírus, enquanto os gestores em seus celulares estão cobrando metas. 

“O banco age como se não fossemos seres humanos, mas máquinas, ignorando que o nosso psicológico está no limite”, critica o diretor do Sindicato Adriano Campos. Lembra que é o trabalho dos bancários que garante a lucratividade batendo recorde ano após ano ao Itaú. “É preciso que haja um reconhecimento por parte do banco e dos gestores. Muitos deles, estão no conforto de seus lares protegidos em home office, junto de suas famílias enquanto os funcionários estão na linha de frente podendo se contaminar e contaminar seus familiares. É preciso agir com o devido respeito à vida de todos”, argumentou.

A hora é de pensar na vida

O Sindicato avalia que esse tipo de situação esteja acontecendo em outras áreas e bairros, já que a o banco tem reduzindo o quadro de funcionários, sobrecarregando os que permanecem. “Queremos chamar a atenção para o momento que passamos. A hora não é de pensar em números e sim na vida das pessoas. Os dados do Ministério da Saúde são alarmantes: já passamos de 26 mil mortes, com 411 mil casos em todo o Brasil”, frisou o dirigente. Lembrou que o Itaú estampa sempre em sua publicidade frases de impacto como a mais recente “Todos pela saúde”. Nela, divulgou ter doado, no primeiro mês da pandemia, R$ 1 bilhão para o combate ao Covid-19, passando sempre uma imagem de preocupação com as pessoas.

“Mas, a verdade, é que quando se trata dos funcionários, a realidade é bem diferente”, frisou Jorge Lourenço, também diretor do Sindicato. “Vamos exigir do Itaú que olhe para os funcionários como pessoas e que os gestores abracem a causa junto com seus ‘colaboradores’. É sempre bom lembrar que sozinhos, não somos nada. São os funcionários que produzem e dão visibilidade aos resultados de cada área”, argumentou.

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