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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Por Olyntho Contente
Da Redação do Seeb/Rio
Em apenas três meses, de janeiro a março, o Itaú lucrou R$ 3,9 bilhões. O resultado foi 43,1% menor que o do mesmo período do ano passado, mas contrasta com o dos demais setores da economia que, com a pandemia do novo coronavírus, tiveram grande prejuízo.
“Isto já era previsível. O lucro continuou sendo expressivo, mas, como não poderia deixar de ser, devido à pandemia, menor do que os resultados absurdamente altos, exorbitantes, obtidos às custas de juros e tarifas altíssimas dos anos anteriores. Há anos o Itaú é o que mais lucra no país, batendo seus próprios recordes ano após ano”, lembrou Maria Izabel Menezes, diretora do Sindicato e representante do Rio de Janeiro na Comissão de Organização dos Empregados (COE).
Mas o resultado causa certa dúvida, já que a carteira de crédito do banco cresceu 18,9% em doze meses e 8,9% no trimestre, atingindo R$ 769,2 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 10,4% em relação a março de 2019, chegando a R$ 237,0 bilhões, com destaque para crédito pessoal (+20,2%), veículos (+17,3%), crédito imobiliário (+10,0%) e cartão de crédito (+9,7%). As operações com pessoas jurídicas (PJ) no país somaram R$ 221,2 bilhões, com alta de 27,5% em doze meses. Veículos (+95,7%), Financiamento à importação/exportação (58,9%) e Capital de Giro (+25,9%) foram os destaques positivos no segmento. A carteira de crédito para a América Latina apresentou alta de 16,8% no período, totalizando R$ 181,5 bilhões.
Outro dado que precisa ser melhor avaliado é o das despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD), que puxou o lucro para baixo. Mesmo com o índice de inadimplência superior a 90 dias, tendo subido ínfimos 0,1%, estas despesas cresceram 161,5%, totalizando R$ 10,9 bilhões.
O coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, Jair Alves afirmou ser preciso também analisar outros dados do balanço com mais cuidado. “Já numa primeira avaliação, não conseguimos entender como pode ter havido um crescimento de quase 83% nas despesas com captação de recursos com uma Selic tão baixa”, disse. Segundo análise do balanço do banco feita pelo Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as despesas com captação de recursos saltou de R$ 13,3 bi no primeiro trimestre de 2019 para R$ 24,3 bilhões no mesmo período deste ano.
O Dieese encontrou, ainda outros grandes aumentos de despesas, como as que o banco informa ter tido com empréstimos e repasses, que saltou de R$ 2,073 bilhões para R$ 33,867 bilhões. Um aumento de 1.533,7%. Estas despesas podem ter sido influenciadas pelo câmbio, mas as alegadas com captação de recursos são uma incógnita. “Teremos que desvendar alguns mistérios no balanço apresentado pelo banco no início da noite desta segunda-feira”, afirmou.