Quinta, 31 Julho 2025 14:32
MOBILIZAÇÃO

Sindicato realiza protesto no Itaú e cobra o fim do fechamento de agências e das demissões

Campanha que prossegue desde o Dia Nacional de Luta de 8 de julho, visa combater a sobrecarga de trabalho e a dispensa de funcionários e também conscientizar os clientes para a piora no atendimento em função da extinção de unidades, que já chega a 228 em todo o Brasil
Adriana Nalesso, Maria Izabel e Laércio Pereira durante a atividade do Sindicato na Tijuca contra a extinção de agências, as demissões e a sobrecarga de trabalho no Itaú Adriana Nalesso, Maria Izabel e Laércio Pereira durante a atividade do Sindicato na Tijuca contra a extinção de agências, as demissões e a sobrecarga de trabalho no Itaú Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro realizou nesta quinta-feira, 31 de julho, mais uma atividade contra o fechamento de agências, as demissões e a sobrecarga de trabalho no Itaú. Desta vez, a mobilização ocorreu em três unidades do bairro da Tijuca, Zona Norte da cidade: a do Itaú Personalitê da Praça Saenz Pena, a da esquina da Conde de Bonfim com a Rua General Rocca e outra também na Conde de Bonfim. 

"O banco alega que há 90% de realocação de funcionários de agências extintas, mas isso só ocorre num primeiro momento. Em seguida demite os trabalhadores que não atingem as metas ou tenham 'baixo rendimento' segundo os critérios do próprio Itaú, o que não aceitamos", disse a diretora do Sindicato e representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Maria Izabel durante a atividade, que contou com o apoio dos bancários e da população. 

Queixas dos clientes 

A agência da Praça Saens Pena teria recebido clientela e funcionários de outras cinco agências da região qie foram extintas, aumentando a sobrecarga de trabalho e o adoecimento de bancários  

"Recebenos muita reclamação não só de bancários por causa da sobrecarga de trabalho e aumento da pressão por metas, mas também de clientes, por aumento das filas, redução de caixas eletrônicos e dificuldade para ser atendido, já que os bancos privados estão tentando empurrar clientes para as plataformas digitais", explicou Izabel  Os idosos são os mais prejudicados, pois muitos ainda têm dificuldades de manusear os meios digitais. 

Um cliente idoso aposentado, que preferiu não se identificar, relatou que o Itaú vem cobrando taxas abusivas de sua conta e também criticou o fechamento de agências, tendo que se deslocar para longe de sua residência para buscar outra unidade, o que ele diz ter medo, em função do aumento da violência na cidade. 

Os dirigentes sindicais relataram também que, em Vila Isabel, um cliente idoso era o número 50 na fila e ele reclamou que não havia caixas físicos nem caixa eletrônico na unidade em que tentou ser atendido. 

Imagem do banco

Foram distribuídos ainda materiais impressos direcionados para os bancários e clientes. A população se queixou devido ao fechamento de agências pelo banco em toda a região, o que aumenta a demora para o atendimento, já que as unidades que continuam abertas acabam tendo que receber clientes de outras que foram extintas por decisão unilateral do Itaú. 

"O fechamento de agências é muito focado no varejo, mas há um novo modelo de unidade de negócios com apenas três funcionários, sem caixa", alertou Izabel. 

"Por isso, a importância dessas atividades e da participação da categoria aderindo às mobilizações do Sindicato e nas redes sociais a fim de dar visibilidade à luta da categoria", acrescentou Izabel. 

Novas tecnologias 

O Itaú fechou pelo menos 228 agências no Brasil e há municípios com 40 mil habitantes sem sequer uma agência física na cidade. 

Outra preocupação do movimento sindical é em relação ao uso das novas tecnologias pelas empresas, especialmente a Inteligência Artificial (IA). O Itaú já anunciou que vai substituir gerentes de negócios por IA. O tema foi discutido na recente negociação que ocorreu entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), nesta semana, com foco nos impactos da IA no emprego da categoria. 

"Tecnologia é necessário, mas nessa transição não dá para o bancário trabalhar com medo de ser demitido", disse a presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso. Ela destacou ainda o uso destes meios tecnológicos para promover uma verdadeira invasão de privacidade do empregado, com "o bancário sendo monitorado onde estiver, fazendo visitas externas". Adriana defendeu uma discussão sobre a questão ética desta prática. 

Isenção do IR

Os representantes do Sindicato lembraram ainda que o Itaú lucrou mais de R$42 bi em 2024, nesse terceiro trimestre R$11 bilhões e que a expectativa do mercado é de que o maior banco privado do Brasil supere os lucros de 2024, o que tem acontecido a cada ano no setor financeiro, mas que os ganhos "não podem ser à custa dos empregos e para aumentar a exploração dos bancários". Aproveitaram a ocasião para convidar os bancários e bancárias a participarem do Plebiscito Popular, à fim de pressionar o Congresso Nacional a aprovar o projeto do governo Lula que propõe a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil por mês e que reduzirá a alíquota de salários até R$1.350 mensais, beneficiando cerca de 120 mil bancários e mais de 20 milhões de brasileiros. 

"Para isso, é preciso aprovar a tributação das altas rendas, a partir de R$50 mil; por mês e os super-ricos também, proposta defendida pelo governo e pelo movimento sindical", destacou o diretor do Sindicato Gilberto Leal, que também esteve presente ao ato. 

Os sincalistas criticaram também o desconto do IR sobre a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) dos trabalhadores, já que os lucros e dividendos dos grandes investidores, banqueiros e especulsdores não pagam um centavo de IR. 

Redução da jornada 

Outro tema que os representantes do Sindicato dialogaram com a categoria foi sobre o projeto que acaba com a escala 6 X 1. Apesar de a categoria bancária já ter conquistado cinco dias de trabalho semanais e descanso nos finais de semana, os sindicalistas lembraram que, por três vezes, os bancos tentaram funcionar aos sábados, citando o Santander, que chegou a tentar abrir agências nos shoppings nos finais de semana, o que acabou sendo barrado pela reação e paralisações feitas pelos sindicatos. 

PLR e PCR 

A boa notícia lembrada no ato, que é mais uma conquista da campanha nacional da categoria, é de que o Itaú vai pagar a PLR e o PCR no próximo mês de setembro, com data que ainda será informada pelo banco, embora o movimento sindical continue pressionando para que os valores sejam creditados com a maior brevidade possível na conta dos funcionários. 

A data será informada aqui no site e no Jornal Bancário assim que o Itaú confirmar oficialmente o dia do pagamento das verbas.

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