Terça, 06 Fevereiro 2024 17:55

Para aumentar seu lucro, Itaú explora bancários até ficarem doentes para depois demití-los

A reintegração de Thaís (ao centro) é um dos muitos casos de demissão de bancárias e bancários adoecidos que a Justiça considera ilegal e manda voltar. A reintegração de Thaís (ao centro) é um dos muitos casos de demissão de bancárias e bancários adoecidos que a Justiça considera ilegal e manda voltar.

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Imprensa SeebRio

No dia 15 de dezembro último a juíza Adriana Paulo Domingues Teixeira, da 66ª Vara do Trabalho, determinou a reintegração ao Itaú de Thaís Leite Marques dos Santos. A ação foi formulada pela advogada do Jurídico do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Manuela Martins.

O caso de Thaís é um dos muitos que ajudam a explicar a gestão desumana de pessoal posta em prática pelo maior banco privado da América Latina. Uma gestão voltada apenas para a geração de mais e mais lucro, em nada se importando se a pressão das metas e a sobrecarga de trabalho gerada pelas demissões adoecem um número cada vez maior de bancários e bancárias que são demitidos em pleno tratamento, doentes, ficando sem sustento justamente quando mais precisam. Clique aqui para ver matéria sobre o lucro recorde do Itaú.

Thaís entrou para o banco em 10 de maio de 2016. Foi demitida em 7 de novembro de 2023. Como muitos outros colegas, estava doente em função do trabalho e, mesmo assim, foi descartada pelo Itaú. A juíza Adriana Teixeira, por isto mesmo, considerou a dispensa ilegal, anulando-a e determinando o retorno da bancária ao trabalho.

“Os laudos médicos relatam que a autora adquiriu lesões músculo esqueléticas ao longo do pacto laboral com diagnóstico de síndrome do túnel de carpo bilateral. No mesmo sentido, o laudo médico pericial do INSS (Id bf20e2d) relata que a doença teve início em 01.04.2023, sendo reconhecida a incapacidade para o trabalho com deferimento de benefício previdenciário até 28.02.2024”, relata a magistrada em seu despacho.

Poder público tem que fiscalizar

Edelson Figueiredo, diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, criticou a política de recursos humanos do Itaú que contrata jovens, os adoece ao longo dos anos com demanda excessiva de trabalho e assédio moral por metas, para gerar lucros crescentes e os demite quando adoecem. “Quanto mais o Itaú lucra, mais adoece os bancários”, sintetizou, lembrando que o lucro em 2023 foi recorde, R$35,618 bilhões, ao mesmo tempo em que disparavam os casos de adoecimento, não somente de lesões por esforço repetitivo (LER-Dort), como os de fundo psíquico, como depressão, síndromes do pânico e de burnout e ansiedade.

Edelson lembrou que o Itaú, como os demais bancos, é uma concessão pública do Estado brasileiro, tendo, portanto, uma função social a ser cumprida. “Mas não é isto o que constatamos. O Sindicato cobra e denuncia, negocia e move ações em defesa dos bancários demitidos mesmo doentes. Mas é preciso que o Poder Público faça a sua parte, e fiscalize os bancos que estão agindo de forma desumana e também ilegal, como mostram as reintegrações”, afirmou o dirigente.

O Itaú, segundo Edelson, é um dos bancos que mais demitem bancários e bancárias doentes. “A maioria conseguimos reintegrar judicialmente, mas há casos de colegas que estão tão pressionados pelo ambiente criado pelo banco que dizem não querer mais voltar”, relatou.

 

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