Sexta, 06 Janeiro 2023 13:54

Corpo de Bombeiros interdita ex-prédio da Barroso da Caixa que virou loja chinesa

Materiais entulhados impedem rota de fuga e são risco a ocorrência de incêndios. Foto do Diário do Rio Materiais entulhados impedem rota de fuga e são risco a ocorrência de incêndios. Foto do Diário do Rio

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Imprensa SeebRio

No último dia 4, o Corpo de Bombeiros interditou todo o andar térreo do que já foi o prédio principal da Caixa Econômica Federal na cidade do Rio de Janeiro, na Avenida Almirante Barroso (Centro). As dependências do banco foram transferidas para o Passeio Corporate, e, há alguns meses, passou a funcionar, ali, uma grande loja ‘Melhor das Casas’, do grupo chinês “Casas da Mamãe”.

Segundo o jornal Diário do Rio, depois de inspecionar o local, o Corpo de Bombeiros constatou perigo de incêndio, com fios elétricos expostos, caixas de papelão amontoadas até próximo ao teto e que obstruíam parte do sistema de combate a incêndio, além de dezenas de materiais de plástico impedindo a passagem de corredores, o que dificultaria o escape de pessoas em caso de fogo, assim como o acesso de deficientes.

O perigo e a confusão também encobrem as belezas dos vitrais coloridos e das colunas trabalhadas pelo artista Espinoza. Nas imagens, é possível ver a fiação elétrica nas prateleiras das gôndolas. Há ainda muito material inflamável acumulado, assim como caixas empilhadas; a situação representaria perigo por ser um magazine com artigos para o lar, brinquedos, perfumaria, entre outros. Todo este ‘caos aquitetônico’ foi denunciado em matéria publicada no jornal Diário do Rio.

José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, criticou todo o processo que levou à saída da Caixa do imóvel, no governo Bolsonaro, até chegar à interdição agora. “É lamentável todo o processo que culminou com a saída da Caixa do prédio. É importante lembrar que há no interior da agência painéis que são tombados pelo Patrimônio Histórico. Quando vemos imagens do interior da loja já ocupada percebemos o risco de deterioração desse patrimônio. Agora vemos o laudo do Corpo de Bombeiros apontando as condições inadequadas para o funcionamento pondo em risco todo o prédio”, afirmou.

Centro Cultural

A loja tem mais de 3.700 metros quadrados, é a terceira maior de todo o Centro e vai da saída Rio Branco da estação do metrô até a Avenida Almirante Barroso, com portão inclusive para Largo da Carioca. No espaço, funcionavam uma agência bancária e o antigo Centro Cultural da Caixa, que abrigava um teatro de arena com mais de 200 assentos, dois cinemas, três galerias de arte, livraria e salas de oficina e ensaios, além de um espaço onde ficava um piano para o acesso ao público em geral.

A decoração era em mármore com dois painéis restaurados do artista plástico Lydio Bandeira de Mello e já abrigou mostras como do colombiano Fernando Botero e do grande pintor Milton Dacosta. 

Ainda nas imagens registradas pelos bombeiros, é possível ver que o ambiente foi bem modificado, inclusive com aparatos colocados sobre o mármore verde que dava requinte ao salão, sem contar a colagem de cartazes sobre a obra de arte do artista Espinoza, que confeccionou colunas em estilo neocolombiano que ornam toda a grande loja. Segundo especialistas, as colunas deveriam ser isoladas, seja com acrílicos ou corrimãos de alumínio, em respeito à sua história. O imóvel, porém, não é tombado e nem protegido por nenhum órgão de patrimônio, e teoricamente as obras de arte poderiam ser destruídas a qualquer momento.

O grupo chinês

A Melhor das Casas pertence ao grupo Casas da Mamãe, que tem várias lojas em São Paulo e já tinha chegado ao Rio. A inauguração foi realizada no fim de 2022. Na década de 70, o mesmo imóvel sofreu com grande incêndio que demorou mais de 14 horas para ser controlado. A estrutura ficou parcialmente destruída, em especial, na parte do edifício de escritórios que fica acima da megaloja.

Assista aqui imagens da inspeção do Corpo de Bombeiros.

 

 

 

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