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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
As investigações do Ministério Público Federal (MPF) sobre os casos denunciados de assédio sexual sobre funcionárias da Caixa Econômica Federal foram finalizadas e enviadas à Justiça Federal. Apesar da gravidade, tanto o inquérito, quanto, agora, o processo, encontram-se sob total sigilo, segundo o site Metrópoles, o primeiro a denunciar as ocorrências envolvendo diretamente Pedro Guimarães, ex-presidente do banco e amigo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, defendeu que, tanto o inquérito, quanto o processo sejam de conhecimento público. “Entendemos que dada a gravidade das denúncias esse sigilo dever ser suspenso para que a sociedade tome conhecimento do inteiro teor das investigações”, afirmou.
“Ainda que não tenhamos tido acesso às investigações aprofundadas pelo MPT, acreditamos que o relatório aponta sim os diversos delitos cometidos por Pedro Guimarães”, acrescentou.
Entenda melhor
Segundo o Metrópoles, em razão do segredo imposto aos autos, não se sabe sequer que medidas o procurador responsável pelo caso, Igor Nery Figueiredo, pediu. O MPF não confirma, nem extraoficialmente, se Guimarães foi alvo de uma acusação formal — caso tenha sido, o juiz avaliará a denúncia e decidirá, depois, se o ex-presidente da Caixa deve ou não ser condenado criminalmente. O resultado foi entregue à Justiça em dezembro.
O site conseguiu apurar que os autos foram distribuídos para a 15ª Vara Criminal Federal do Distrito Federal. A investigação do Ministério Público Federal foi aberta no curso da apuração de reportagens publicadas pelo Metrópoles, a partir de 28 de junho passado, que levaram Pedro Guimarães a pedir demissão.
“Como consequência de um processo aberto a partir das reportagens, o Ministério Público do Trabalho já havia pedido à Justiça trabalhista a condenação do ex-presidente do banco ao pagamento de multa de R$ 30,5 milhões por danos morais coletivos em razão dos casos de assédio. Na mesma ação, o MPT pediu que a Caixa seja condenada a pagar R$ 305 milhões”, lembra o site.
Assédio sexual
Uma investigação interna, entregue ao Conselho de Administração pela Corregedoria da Caixa, encontrou fortes indícios de assédio moral e sexual praticados por Pedro Guimarães quando era presidente da Caixa. O relatório foi compartilhado com os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, com a Controladoria-Geral da União e com a Comissão de Ética da Presidência da República.
O documento afirma que “ao que tudo aponta, (os casos de assédio sexual) teriam sido praticados de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa".
O relatório, de 500 páginas, traz depoimentos de mais de 50 pessoas, entre as quais funcionárias vítimas de Guimarães e diversos documentos. Em entrevistas à TV Globo, elas contaram, por exemplo, que o presidente da Caixa pedia abraços em contextos constrangedores e deixava a mão escapar para passar por partes íntimas dos corpos delas.
Bolsonaro: nada demais
A primeira denúncia foi feita à corregedoria em maio. No mês seguinte, quando as denúncias vieram a público, Pedro Guimarães pediu demissão. Outros cinco vice-presidentes também foram substituídos.
Ao ler o relatório, o ex-presidente Bolsonaro disse que não viu nada demais. Advogadas das vítimas do ex-presidente da Caixa afirmaram, em nota, ser motivo de tristeza Bolsonaro tenha dito que não viu nada contundente nos depoimentos de mulheres sobre o comportamento de Pedro Guimarães.
A nota menciona condutas como apalpar seios e nádegas, convidar para idas a saunas, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais e recebê-las em trajes íntimos. A declaração foi feita em entrevista ao site Metrópoles, em 25 de outubro.