Quinta, 10 Novembro 2022 15:41

Uso eleitoreiro da Caixa por Bolsonaro fez concessão de crédito do banco ser a maior da história

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

A expansão recorde dos financiamentos concedidos pela atual diretoria da Caixa Econômica Federal confirma o uso político do banco feito governo Bolsonaro, na tentativa frustrada da reeleição. A denúncia é do dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro, com base em números oficiais divulgados nesta quarta-feira (9).

Houve um crescimento significativo da oferta de crédito no terceiro trimestre do ano. Mas não apenas neste período. Em doze meses, a carteira de crédito ampliada do banco público teve alta de 16%, totalizando R$ 977 bilhões, com destaque para as operações comerciais com pessoas físicas que cresceram 22,6% e totalizaram R$ 133,6 bilhões.

O esquema

O governo determinou o aumento do crédito em todas as linhas antes e durante as eleições, o que não acontecia nos anos anteriores. No segmento de pessoas jurídicas, o crescimento de crédito comercial nos últimos dozes meses foi de 10,9% em relação ao mesmo período de 2021, totalizando R$ 89,7 bilhões, com relevo para as linhas voltadas às micro e pequenas empresas (R$ 57,5 bilhões). No balanço trimestral da Caixa, ocorre destaque também para o segmento de agronegócio, onde o aumento do crédito foi de 227,4%, totalizando R$ 40,3 bilhões.

As demonstrações financeiras apontam ainda que, nos nove primeiros meses do ano, a Caixa apresentou lucro líquido de R$ 7,6 bilhões, com diminuição de 45,9% em relação ao mesmo período do ano subsequente. Deste total, R$ 443 milhões foram resultado de receitas provenientes do desreconhecimento do passivo de juros e atualização monetária (contrato nº 504/PGFN/CAF), referente a devolução de valores de IHCDs (Instrumento Híbrido de Capital e Dívida) para o tesouro. Já a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco (ROE) ficou em 9,23%, com decréscimo de 10,6 pontos percentuais.

Uso do dinheiro público

Castro frisa que no período pré-eleitoral, a Caixa apresentou uma abertura dos cofres muito diferente dos anos anteriores do governo atual. “Claro que sempre defendemos uma Caixa indutora do desenvolvimento, emprestando mais às classes B, C e D, microempreendedores e pequenos empresários. Mas, a forma como isso ocorreu em tão curto período de tempo e diante da corrida eleitoral, preocupa”, afirmou. O dirigente destacou o exemplo do polêmico consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil, que atingiu R$ 5,5 bilhões de crédito até novembro, só na Caixa.

Lembrou que essa movimentação disponibilizou dinheiro para o mercado em grandes volumes em curto espaço de tempo. O fato resultou, inclusive, numa mudança significativa do Índice de Liquidez de Curto Prazo (RCL) que, em setembro de 2022, foi de 176% ante os 295,6% em setembro do ano anterior, o que aproxima a Caixa do índice registrado pelos maiores bancos privados, de cerca de 150%.

De olho nos votos

O dirigente da Contraf-CUT destacou que apesar dos resultados positivos no balanço as entidades que representam os trabalhadores da Caixa seguem registrando casos de assédio moral. Os empregados trabalham em um estado de pandemônio diário, sem saber o que a diretoria quer, com alterações bruscas e constantes de metas que extrapolam qualquer nível de tolerância aceitável e de forma jamais vista em nossa história. Em paralelo a esse cenário, sistemas não funcionam, computadores e terminais de autoatendimento frequentemente apresentam problemas.

Sobrecarga e assédio

A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, ponderou que mesmo em meio a ampliação drástica de denúncias de casos de assédio moral e sexual e aumento nos afastamentos médicos na ordem de 45% no mesmo período; mesmo em meio a pandemia, sofrendo pressão de todo tipo; os empregados da Caixa continuam na linha de frente atendendo milhões de clientes e de brasileiros e brasileiras desamparados pela crise social e econômica que o país atravessa. “O compromisso com a gestão pública, expertise e dedicação são a marca dos trabalhadores da Caixa, que merecem respeito e valorização”, disse.

“Trabalhar duro nunca foi problema para nenhum bancário da Caixa”, completou Rafael de Castro. “No futuro próximo, esperamos da gestão do banco diálogo, respeito e valorização dos trabalhadores. Queremos ser ouvidos e ajudar na reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, porque conhecemos a realidade, as necessidades e as possibilidades de crescimento de fluxos e operações do banco, para apoiar no projeto de fortalecimento das empresas públicas em favor do desenvolvimento do país”, concluiu.

*Com informações da Assessoria de Comunicação da Contraf-CUT.

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