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Imprensa SeebRio
A falta de condições de trabalho adequadas para os empregados com deficiência levou a negociação virtual desta terça-feira (2/8) entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e a Caixa Econômica Federal a discutir somente este assunto. O segundo ponto, Saúde Caixa, ficou para uma nova rodada.
Foram três horas de reunião em que o tema foi debatido exaustivamente. Mesmo assim, ao final, chegou-se à conclusão de comum acordo da necessidade de criar uma mesa específica sobre PCDs para encontrar soluções efetivas. Na reunião anterior, em 27 de julho, a CEE questionou as condições de trabalho destes mais de 4 mil empregados que enfrentam sérios problemas, entre eles, a falta de acessibilidade e de equipamentos adequados dificultando o trabalho.
Rogério Campanate, diretor do Sindicato e membro da CEE, ressaltou a necessidade de uma grande dose de empatia no processo, solicitou a adaptação dos banheiros de empregados (hoje os PCDs precisam usar o dos clientes, o que os expõe a riscos de infecções devido a difíceis manobras necessárias, dependendo da deficiência). “Cobramos também que seja dada atenção especial ao encarreiramento desses trabalhadores, e reivindicamos que seja garantida prioridade para lotação próxima à sua residência e para o encaminhamento ao trabalho remoto, caso desejem”, explicou.
Para movimento sindical é preciso adotar o conceito de “acessibilidade atitudinal”. Nele, a atitude da pessoa impulsiona a remoção de barreiras. Àra que funcione é preciso mudar a percepção do outro sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações
A Caixa informou que os itens apresentados na pauta de reivindicações estão sendo avaliados, e a CEE cobrou que sejam clausulados. A nova rodada de negociação será sobre Saúde Caixa. Foi marcada para a próxima quinta-feira (4). Depois, Funcef, dia 10; e Teletrabalho, no dia 12.
Itens da minuta
“A nossa minuta, construída de forma democrática e com participação de todos os trabalhadores da Caixa, conta com nove reivindicações específicas para PCDs. Elas versam sobre mais contratações e melhores condições de trabalho para as pessoas com deficiência. Queremos que elas sejam clausuladas para melhorar a condição dos nossos colegas”, lembrou o coordenador da CEE, Clotário Cardoso. “É um assunto muito complexo, por isso exigimos profissionais especializados para criar programas que atendam verdadeiramente as especificidades desses trabalhadores”, completou.
A representante da*** Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Vivian Sá, revelou que os dirigentes sabem dos problemas não só pelo que percebem nos locais, mas das pessoas que os procuram. “Muitas vezes elas se sentem mais à vontade para se abrir conosco, para isso precisamos de acesso aos novos contratados assim que chegam, o que não temos hoje. Inclusive, se a Caixa está com essa vontade de melhorar as condições de trabalho para as pessoas, melhorar os acessos, eu não vejo um motivo da Caixa não querer assinar as cláusulas referentes aos PCDs. Essa é hora de darmos tranquilidade inclusive aos gestores para terem subsídios normativos ao tomarem decisões que ajude as pessoas, como transferências e teletrabalho”, disse, ao reforçar a reivindicação do coordenador.
Ainda longe do mínimo necessário
A Caixa iniciou a negociação apresentando diversas informações a respeito das políticas implementadas em relação aos PCDs. Mas tudo vem sendo feito ainda sem muita agilidade. Só após ação do Ministério Público, assistido pelo movimento sindical, o banco passou a cumprir a cota mínima de trabalhadores com deficiência, chegando bem perto dos 5% exigidos por lei.
A informação é de que a Caixa totalizou até 30 de junho deste ano, 4.312 empregados PCDs, atingindo um índice de 4,96% do quadro de pessoal. Segundo levantamento do banco, a maioria (55,08%) possui deficiência física, seguida pela deficiência visual (29,22%) e auditiva (11,09%).
Como se informar melhor
Os representantes da empresa frisaram ter sido lançado em fevereiro último, o Portal Pessoa com Deficiência (no pessoas.caixa), com diversas informações para gestores e equipes que já contabilizou mais de 20 mil acessos. Apresentaram diversos itens do atender.caixa criados exclusivamente para receber e atender às demandas específicas dos PCDs.
Em termos de adaptação dos espaços físicos, informaram estar sendo realizado levantamento para que as agências não apenas sejam adaptadas, mas seja criado um modelo de agência realmente inclusiva, ressaltando que ainda assim pode haver especificidades que poderão ser solucionadas pelo acionamento do atender.caixa ou pelo Portal Pessoa com deficiência. Com relação aos equipamentos de tecnologia assistiva, 44% das solicitações foram atendidas, 24% tem previsão de atendimento em agosto, 19% em setembro e 13% em outubro, disseram.