Quarta, 29 Junho 2022 19:23
CAIU

Pedro Guimarães pede demissão oficialmente da presidência da Caixa

Decisão confirma notícia divulgada pelo site do Sindicato dos Bancários do Rio desde a noite da última terça-feira (28)
Bolsonaro e Pedro Guimarães: laços de amizade e sintonia política. O presidente da Caixa pediu demissão em meio à denúncias de praticar assédio sexual e moral Bolsonaro e Pedro Guimarães: laços de amizade e sintonia política. O presidente da Caixa pediu demissão em meio à denúncias de praticar assédio sexual e moral Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Conforme noticiado desde à noite da última terça-feira (28) pelo site do Sindicato dos Bancários do Rio, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, apenas oficializou nesta quarta-feira (29), o que já era fato consumado: a sua demissão. O governo avaliava qual seria a melhor forma do executivo sair da empresa, e o pedido de dispensa feita pelo próprio Guimarães foi a maneira encontrada para tentar reduzir o impacto negativo de sua trágica passagem na empresa, onde ele ocupava o cargo desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL), em 2019. O pedido foi feito por carta no momento em que o amigo e aliado do presidente da República se vê diante de graves denúncias feitas por funcionárias da Caixa de que ele praticava assédio sexual e moral contra as mulheres que trabalham no banco. A dispensa já foi publicada no Diário Oficial da União.

Repúdio da categoria

O então presidente da Caixa está diante de uma forte repercussão na sociedade e enfrentava uma campanha dos Bancários nas redes sociais exigindo a sua queda. A Contraf-CUT publicou hoje uma nota oficial cobrando a saída de Pedro Guimarães, repudiando a possível prática de assédio que está sendo investigada pelo Ministério Público Federal. As dirigentes sindicais que assinaram a nota pediram ainda apoio, assistência e preservação das vítimas. 

O governo já confirmou que o aliado e amigo de Bolsonaro será substituído por Daniella Marques, chefe da Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia.

Antes da renúncia, Guimarães, acompanhado da esposa, participou de evento do banco normalmente e não tocou no assunto das denúncias, limitando-se a dizer que "sempre teve uma vida ética". As denúncias divulgadas em toda a imprensa, não mostram o valor ético declarado por Guimarães, que voltou a se defender na carta de pedido de demissão. Depoimentos falam que o investigado dava "abraços constrangedores" nelas e "passava a mão nas regiões íntimas". 

"A Caixa enquanto instituição demorou a se manifestar oficialmente, o que é lamentável para uma empresa que é signatária de uma cláusula da nossa Convenção Coletiva de Trabalho que trata do combate ao assédio e à violência contra a mulher. Saudamos a saída de Pedro Guimarães que foi nocivo em todos os sentidos para o banco. Tínhamos na empresa notícias de sua postura desrespeitosa e agressiva e o seu histórico de problemas quando trabalhava no Santander e não foram as poucas as denúncias feitas pelo movimento sindical", disse o presidente do Sindicato do Rio, José Ferreira. 

De fato, não é de hoje que os sindicatos denunciam o assédio sexual e moral nos bancos e também as práticas absurdas de Pedro Guimarães, em episódios em o executivo humilhou empregados, como no caso em que obrigou os trabalhadores a fazer “flexões como soldados” em um evento público, gerando grande constrangimento e revolta entre os bancários.

Laço estreito com Bolsonaro

Guimarães é um dos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro (PL). Sempre visto ao lado do chefe em eventos e lives ele vinha sendo sondado até como um dos nomes cotados para ser vice na chapa para reeleição do presidente da República e por este engajamento ele é também acusado de usar o banco para fazer campanha política.

Assédio é crime

Autocontrole, discrição e respeito não são o forte de Pedro Guimarães. Matérias publicadas na imprensa revelam que o atual presidente da Caixa foi demitido do Santander "por ter machucado um colega" numa festa do banco espanhol e que teria se envolvido em diversos outros episódios que queimaram a sua imagem por onde passou.

“Não basta ele ter pedido demissão. É preciso que haja uma investigação rigorosa e isenta, sem interferências do presidente Bolsonaro. Se as acusações forem confirmadas pela Justiça ele precisa ser punido pela lei porque assédio sexual é crime, no caso contra mulheres trabalhadoras”, disse a vice-presidenta do Sindicato do Rio Kátia Branco, que assinou a nota da Contraf-CUT contra o agora ex-presidente da Caixa e em defesa das mulheres vítimas.   

Mídia