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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com imformações da Contraf-CUT
Uma pesquisa encomendada pela Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) revelou um resultado preocupante: 42% dos bancários da empresa disseram sofrer pelo menos um problema de saúde. Os números que foram divulgados nesta quinta-feira (9), durante o 38º Congresso Nacional dos empregados do banco, demonstram que a pandemia trouxe graves consequências de adoecimento físico e mental nos bancários. As sequelas da pandemia são um dos temas prioritários na campanha nacional da categoria deste ano.
“Os empregados da Caixa ficaram na linha de frente, numa missão nobre, que foi a de garantir o auxílio emergencial para a população mais vulnerável. No entanto foi um trabalho exaustivo e de alto risco, inclusive com aglomerações. Infelizmente perdemos 117 bancários. E agora vemos muitos companheiros e companheiras sofrendo com as sequelas da covid-19 e a sobrecarga de trabalho”, disse o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira.
Defesa do SUS
Sérgio Amorim, também dirigente do Sindicato carioca e da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro), membro da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) lembrou que a defesa do SUS é fundamental para discutir a saúde no país. “Apesar de termos plano de saúde próprio, a coisa mais importante que conquistamos no Brasil foi o nosso sistema público de saúde. Precisamos lutar para que o SUS continue existindo, público e gratuito e melhorar ainda Maísa qualidade dos atendimentos.”, destacou.
Ataques ao Saúde Caixa
Os participantes do Conecef debateram ainda as consequências do desmonte da Caixa sobre o Saúde Caixa.
Alberto Alves Junior, Conselheiro Deliberativo da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, trouxe um forte depoimento sobre o cenário atual nos sistemas de saúde dos trabalhadores de estatais.
“Desde 2015 houve uma grande quantidade de recursos externos que invadiram o mercado brasileiro, antes a assistência era mais familiar, com planos menores. As negociações eram mais equilibradas. A partir de 2012 e principalmente após 2015 isso mudou. De lá para cá passamos a ter uma avalanche de fusões e aquisições tanto de forma horizontal quanto vertical. As autogestões, estão passando a ser compradores dos serviços dos grandes grupos. E eles têm objetivo de expandir seus negócios. A tendência é que vendam cada vez mais caro para nós”, explicou.
Alberto esclareceu que este movimento está trazendo dificuldades para as autogestões, hospitais e planos menores. “Cada dia que passa temos que negociar mais e os recursos são elevados. Por outro lado, a solidariedade está em jogo. Estamos no meio dessa encruzilhada. Teremos de discutir uma forma que leve a frente a assistência e ao mesmo tempo a questão econômica. Temos que juntar todas as nossas autogestões para dialogar”, acrescentou.
Na avaliação de Alberto, não há como avançar e mudar com o atual governo Boçspnarp. “Não vejo saída com este governo que não tem políticas públicas voltadas para este conceito e não temos como superar isso individualmente”, alertou.
Aumenta a depressão
Fernanda Souza Duarte, doutora e mestre em Psicologia Social, do Trabalho, apresentou os resultados da pesquisa realizada pela Fenae sobre a saúde dos empregados.
“Somente com essas áreas integradas podemos pensar intervenções e prevenção. A categoria bancária teve papel importante no debate desta questão desde os anos 80. Contribuíram para a legislação e para os estudos teóricos”, indicou.
Fernanda apresentou dados importantes que revelam que hoje os problemas de transtorno mental já ultrapassam as chamadas LER/Dort. Segundo a pesquisa, 47% dos que responderam afirmaram que o trabalho afeta a saúde e 42% disseram ter problemas de saúde relacionados ao trabalho. A pesquisa ainda apontou maior incidência de ansiedade e depressão. Por outro lado, também indica um baixo número de afastamentos e que a maioria dos empregados que procurou tratamento psiquiátrico e psicológico foi por causa do trabalho.
“Com a pandemia começaram a aparecer mais queixas de depressão. As pessoas sentem obrigação de serem gratas e pensam que não podem se afastar, ficam trabalhando doentes. Temos a cultura da ameaça, silêncio e medo”, completou.