Quinta, 09 Junho 2022 13:49
38º CONECEF

Rita Serrano diz que bancários são protagonistas de sua própria historia

Membro eleita do CA da Caixa critica a destruição do estado pelo governo Bolsonaro e diz confiar na organização de luta da categoria
Rita Serrano, mais uma vez eleita pelos empregados para o Conselho de Administração da Caixa, participa do 38º Conecef Rita Serrano, mais uma vez eleita pelos empregados para o Conselho de Administração da Caixa, participa do 38º Conecef Imagem: Apcef/RJ

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Rita Serrano, membro eleita pelos empregados do Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, disse no primeiro dia de debates do 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa, nesta quinta-feira (9), que os bancários são protagonistas da sua própria história.

“Nós precisamos olhar por outro ângulo o cenário brasileiro, as privatizações. Quando começou o governo Bolsonaro a visão de Paulo Guedes era ‘privatizar tudo’, tentou criar a Caixa ‘SA’, mas nós resistimos e não deixamos. Eles criaram subsidiárias, abriram o capital aberto para vender a empresa, mas nós não vamos permitir”, disse, confiante na capacidade histórica de mobilização da categoria.

“Há problemas como o fim do controle do penhor pela Caixa, os ataques ao FGTS. Esse governo é uma tragédia, mas conseguimos fechar um acordo coletivo, preservando direitos. Os empregados elegeram uma mulher no conselho de administração, conselheiros ligados aos trabalhadores na direção da Funcef. Nós temos conquistas e temos que valorizar isso, pois se não fossem estas vitórias o cenário seria ainda pior”, acrescentou.

A Caixa na pandemia

Rita lamentou as mortes de bancários e bancárias da empresa que estiveram na linha de frente do atendimento à população mais vulnerável durante a pandemia da covid-19.

“Tivemos na pandemia 117 colegas falecidos fora os terceirizados cujos números não temos o controle. Foi um tempo de medo, de incertezas. Mas neste período difícil a Caixa foi valorizada, os empregados, mesmo com toda a pressão, estavam na linha de frente para atender a população”, afirmou, lembrando do trabalho feito pelos trabalhadores da empresa no pagamento do auxilio emergencial e de programas sociais.

“A Caixa foi valorizada, mas a pandemia trouxe uma piora nas condições de trabalhão, pressão para venda de produtos, jornada, mas somos protagonistas da nossa história”, destacou.

Na contramão do mundo

Rita criticou duramente o governo Bolsonaro pela destruição das políticas públicas e os ataques ao estado de bem estar social.

“Completa seis anos a campanha 'Se é publico é para todos' e este lema nunca esteve tão atual. As pessoas estão percebendo o valor social de um banco público”, explicou, convocando a categoria para o lançamento, no próximo dia 14, do livro ”O futuro é publico”, publicado pela Fenae (Federação Nacional dos Empregados da Caixa) que traz uma pesquisa feita pelo Centro de Estudos em Democracia e Sustentabilidade do Transnational Institute (TNI), sediado na Holanda, revelando que 884 serviços privados ruins foram reestatizados no mundo.

No dia 14 será lançando também, além do livro, o Comitê de Luta em defesa da Caixa.

“Os correios dos EUA tem 200 anos. A Inglaterra reestatizou o metrô e criou um banco público após a pandemia, a França estatizou uma empresa do setor elétrico, que voltou ao controle do estado. Como diz Caetano Veloso, ‘alguma coisa está fora da nova ordem mundial' e essa coisa é o Brasil”, destacou.

“Tenho certeza de que temos ainda mais ‘gás’ para rediscutir a Caixa que queremos, que não é essa, mas uma empresa que humanize as relações de trabalho, que respeite os bancários e atenda melhor a população, com uma gestão democrática, disse, defendendo que metade do Conselho de administração seja eleita pelos empregados. “Na Alemanha, metade dos conselheiros são eleitos em empresas publicas e privadas. Se queremos empresas públicas mais eficientes temos que defender o controle social dessas instituições”, completou criticando o fato de a maioria dos conselheiros na Caixa e demais bancos públicos serem oriundos do mercado financeiro privado.

“A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem” concluiu, expressando sua confiança na capacidade de mobilização da categoria em defesa da Caixa 100% pública e no combate à privatização das estatais e empresas públicas.

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