Quarta, 04 Mai 2022 20:30

Pedro Guimarães impõe na CEF programa de avaliação abandonado até pelo setor privado

Olyntho Contente

(Com informações do site da Contraf-CUT)

Imprensa SeebRio

“É um mecanismo retrógrado, abandonado pela iniciativa privada nos anos 1980, por não conseguir melhorar o desempenho dos trabalhadores e ser utilizado apenas para reduzir remuneração e justificar demissões. Mas, a Caixa Econômica Federal, mesmo sabendo disso, resolveu implantá-lo para ‘criar uma nova cultura empresarial’ nos gestores e seus subordinados”. A afirmação foi feita pela coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE), Fabiana Uehara Proscholdt em relação à “curva forçada”, introduzida no programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) da CEF em 2021, e que vem gerando milhares de vítimas entre os empregados do banco.

Em matéria publicada no site da Contraf-CUT, Fabiana ressaltou que 65% do quadro de pessoal estão classificados de razoável a ruim. Acrescentou que após inserir a curva forçada na GDP e ser cobrada a dar explicações, a Caixa, em reunião com a representação dos empregados, reconheceu que o mecanismo visa mudar a cultura dos empregados, estabelecer valores empresariais de mercado e forçar a competição pela venda de produtos.

“Esse mecanismo conseguiu piorar ainda mais a GDP, que já era ruim por utilizar critérios subjetivos e opressores para a avaliação dos empregados”, criticou. Conforme o Regulamento do Ciclo 2021 da GDP, todos os grupos de avaliação terão limite de 5% dos empregados avaliados com o desempenho “excelente” e 30% com “excelente” e “superior”.

“Além de limitar a quantidade de empregados que podem ser classificados como excelente, também define que 5% será mantido como ‘insatisfatório’. Tudo isso, independente do resultado que os mesmos tenham tido. Assim, ela é utilizada apenas como ferramenta de assédio”, criticou a coordenadora da CEE.

Acirra a competição

Sobre o assunto o site da Contraf-CUT ouviu também a representante dos empregados no Conselho de Administração (CA) da Caixa, Rita Serrano, que frisou ser o conceito da GDP inadequado. “Ele incentiva a competição entre as pessoas, instiga o individualismo e acaba com a relação de solidariedade e com a produção pelo prazer e pelo bem comum”, avaliou. “Existem outros modelos mais adequados para a gestão de desempenho do pessoal”, completou a representante dos empregados no CA da Caixa.

Rita observou que a GDP define o pagamento do bônus Caixa, que é um pagamento para os gestores, “mas há questionamento, inclusive, se os critérios para avaliação e pagamento do bônus foram aplicados de maneira correta, conforme as premissas definidas pelo próprio banco”, disse. Muitos empregados estão reclamando das enormes disparidades nas avaliações e que na segunda-feira (2) à tarde a Caixa bloqueou o acesso à avaliação.

Ataque aos direitos

Para a coordenadora da CEE, a GDP ataca as relações e direitos trabalhistas e expõe os empregados a uma disputa insana. “Os empregados já têm valores empresariais, atuam no mercado. Nem por isso precisam ser massacrados”, criticou. “Reflete a maneira como foi implementado, sem negociação com as entidades de representação dos trabalhadores, com critérios obscuros. Por isso sempre fomos contra a GDP. Agora, com a inserção da ‘curva forçada’ na GDP, somos ainda mais contra e insistimos para que tal mecanismo seja abandonado pelo banco”, completou.

Fabiana diz que a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), por meio da CEE, vai cobrar que a Caixa cumpra sua promessa de que debateria a GDP com os empregados e suas representações sindicais. “Além disso, vamos questionar a Caixa sobre quais critérios foram utilizados pelo banco para efetuar o pagamento”, concluiu.

Mídia