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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Foto: Nando Neves
Imprensa SeebRio
Beneficiados pela política econômica de inflação e juros nas alturas, os bancos privados e públicos estão vendo seus lucros dispararem, enquanto o desemprego, a miséria e a quebradeira de empresas aumenta. Também contribui para a alta lucratividade a redução do número de funcionários fazendo cair a qualidade dos serviços, prejudicando clientes e bancários, estes últimos com o desemprego e para os que ficam, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento.
Seguindo a tendência de resultados absurdos dos demais bancos, a Caixa Econômica Federal divulgou seu lucro em 2021: R$ 17,3 bilhões, aumento de 31,1% em relação a 2020. Foram fundamentais para este resultado os ganhos devido ao impacto dos seguidos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, impostos pelo governo Bolsonaro, através do Banco Central, tendo chegado este mês a 10,75%.
Isto beneficiou os bancos, detentores da dívida pública, fazendo com que ela disparasse. Depois de encerrar 2021 acima de R$ 5,6 trilhões e em nível recorde, deverá chegar ao fim deste ano a mais de R$ 6,4 trilhões. Para pagar os bancos, o governo cortou recursos do Orçamento da União, nas áreas sociais, como educação, hospitais, habitação e saneamento básico.
Juros disparam
O aumento dos juros aos correntistas também fez crescer o lucro da CEF. A taxa cobrada pelos bancos no cheque especial às pessoas físicas chegou a 128,4% ao ano, em janeiro. Já nas operações com cartão de crédito rotativo, subiram de 346,3% ao ano, em dezembro, para 347,4% ao ano, em janeiro de 2021.
Na CEF, os juros nas alturas fizeram com que o aumento da margem financeira chegasse a 15,3%, em especial pela alta nas receitas das operações de crédito (10,02%). A receita com crédito imobiliário cresceu 9,2% (R$ 557,6 bi); o de saneamento e infraestrutura, 1,2% (R$ 91,6 bi); e o rural, 113,6% (R$ 16,5 bilhões). Nas receitas de prestação de serviços e tarifas o aumento foi de 1,7%. Houve redução de 0,7% em despesas de provisão para perdas associadas ao risco de crédito.
Privatização e redução de pessoal
O presidente do Sindicato, José Ferreira, destacou o papel fundamental dos empregados no resultado. Mas frisou que parte do lucro alardeado pela direção da Caixa como forma de mostrar sua competência não é sustentável. “Um percentual expressivo dele tem origem na venda de ativos o que pode comprometer a existência da Caixa como empresa pública ao longo do tempo”, afirmou.
Rogério Campanate, diretor do Sindicato e integrante da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) criticou o sucateamento e a redução de pessoal. Lembrou que no Rio de Janeiro uma pesquisa feita pelo Departamento de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Associação de Gestores da Caixa (Agecef), analisou as condições de saúde e trabalho de segmentos de empregados da Caixa.
“Os resultados, como era de se esperar, foram assustadores. Apesar disto, no próximo mês, faz um ano que o relatório da pesquisa foi entregue à Caixa em mesa de negociação, sem que a direção da empresa sequer respondesse o ofício. Quando a gestão da Caixa diz que as pessoas estão em primeiro lugar, fica claro que essas pessoas não são os empregados da Caixa”, afirmou.