Sexta, 01 Outubro 2021 19:14

Pedro Guimarães libera empréstimos a pedido de Michele Bolsonaro

Jair e Michele Bolsonaro com Pedro Guimarães Jair e Michele Bolsonaro com Pedro Guimarães

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

A pedido de Michele Bolsonaro, Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, liberou empréstimos a empresas amigas da primeira dama, em mais um caso de tráfico de influência. O financiamento faz parte de um programa especial para socorrer empresas durante a pandemia e foi concedido a uma lista de conhecidos da mulher do presidente Jair Bolsonaro, no primeiro semestre de 2020, segundo a Revista Crusoé.

Os beneficiados pelo pedido furaram a fila, passando a ser os primeiros na concessão dos empréstimos. A Procuradoria da República do Distrito Federal decidiu investigar a atuação de Michele para favorecer empresas de amigos.  

O presidente do Sindicato, José Ferreira, classificou mais este episódio envolvendo Guimarães como muito grave, ferindo sobremaneira a imagem da Caixa enquanto banco público. Disse que o Sindicato vai cobrar explicações ao presidente do banco, que já vem sendo investigado por utilizar a Caixa para o financiamento de suas viagens pelo Brasil afora, para viabilizar sua candidatura ao Senado.

“Enquanto Guimarães usa os recursos da Caixa em benefício pessoal e da família Bolsonaro, os empregados estão atolados de cobranças, inclusive, provavelmente, sendo coagidos a descumprir regras de integridade de gestão para cumprir metas”, afirmou. Acrescentou que, este comportamento de Guimarães faz com que ganhe força o discurso de privatização do banco. Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa disse que já cobrou explicações sobre a transação com a primeira-dama e a apuração rigorosa dos fatos. “Vejo com profunda preocupação as notícias da imprensa que envolvem suspeitas de casos de tráfico de influência, casos etes que afrontam os princípios constitucionais de moralidade e impessoalidade envolvendo a direção da Caixa”, afirmou.

Entenda melhor

A maioria das operações de empréstimo, segundo a Crusoé, se deu em uma agência de Taguatinga, cidade vizinha a Brasília, após o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, encaminhar as demandas da primeira-dama. De acordo com a revista, a própria Michelle teria conversado com o presidente da Caixa para liberação de financiamentos. Na lista de contemplados tem floreira, confeiteira, cabeleireira e até um promoter. Também constam empresárias do amo da moda que contam com a divulgação de suas marcas pela família do presidente.

A primeira-dama teria feito gestões junto ao presidente da Caixa, a fim de obter a liberação dos empréstimos para comerciantes e pequenos empresários do setor de serviços. Um dos e-mails, enviado por uma assessora encaminhava à Caixa os documentos dos contemplados. “A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia a mensagem, de maio passado.

Mais irregularidades

Guimarães já está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por uso do dinheiro e da estrutura do banco público para favorecimento pessoal, em campanha política. Além do pedido de afastamento, o subprocurador-geral Lucas Furtado, do Ministério Público do TCU, acionou o presidente do banco por uso da máquina no caso da gerência “Caixa Mais Brasil”, criada para cuidar de sua agenda de viagens e eventos pelo país, além de organizar um canal de vídeos dele na instituição.

Tudo a um custo de pelo menos R$ 330 mil por mês. A alegação foi a de ‘aproximar a direção do banco de autoridades, empresários e lideranças locais’. Mas a finalidade parece ter sido outra, com pretensões de Guimarães de trilhar outros caminhos.

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