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Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Foto: Nando Neves
Na avaliação da conjuntura econômica do Brasil, o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) Fausto Augusto Junior disse, durante o 37º Concef, realizado neste sábado (7), no painel “A Caixa que queremos para o futuro do Brasil”, que “a luta a ser travada nesse momento não é só contra o governo Bolsonaro, mas também contra uma parte importante do Congresso Nacional e de parte da sociedade que tem uma lógica privatista".
O técnico destacou a importância dos bancos e empresas públicas para a recuperação econômica do país no pós-pandemia. Segundo Fausto, os neoliberais avançam sobre os setores de logística, produção de energia e setor financeiro, fundamentais para a retomada do crescimento da economia.
“Estamos em meio de uma enorme revolução tecnológica. A pandemia acelerou essas mudanças. São mudanças que passam por áreas importantes como setor financeiro e o de logística. A principal bola da vez é a privatização dos Correios. O outro lado é o setor financeiro e a Caixa está sendo atacada. O grande embate é por energia e estamos vendendo Petrobras e a Eletrobras. Vamos ver que no mundo após a pandemia o que está sendo vendido é o setor enérgico, o da distribuição e o setor financeiro. Precisamos resistir e saber jogar. Saber o que é estratégico e o que precisa ser preservado”, destaca.
Reforma Administrativa
Fausto fez um alerta aos bancários sobre os riscos da aprovação no Congresso da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, que trata da Reforma Administrativa. “
“A Caixa é mais do que um banco, é uma espécie de grande agência pública, um ente público que leva serviços necessários à população. Esse aspecto precisa ser priorizado nas nossas falas e na compreensão do que é a Caixa Econômica Federal. É o oposto do que o atual presidente da Caixa, Pedro Guimarães, diz, de que a empresa tem que ter mais lucro. O mais importante é o resultado social de uma instituição que vem construindo o Brasil para os mais pobres. É ela que leva o benefício que os outros não podem levar”, disse Fausto.
Importância dos bancos públicos
O economista do Dieese apresentou números que reforçam a importância dos bancos públicos para o Brasil: mais de 60% das agências vêm dos bancos públicos. A Caixa responde por 20% do crédito do país, 27% do crédito para pessoa física e 69% do credito imobiliário garantindo moradia para brasileiros que dificilmente conseguiriam crédito no setor privado para comprar a casa própria.
Fausto apontou também que, na pandemia da Covid19, foram mais de 120 milhões de pessoas atendidas pela Caixa.
“Qual banco que teria a competência para fazer o pagamento do auxílio emergencial? A caixa movimentou quase R$400 bilhões na pandemia. Se não fosse a Caixa, a situação do país na pandemia seria certamente muito pior”, avalia.
Privatização gradual
O especialista alertou ainda sobre os riscos da chamada privatização indireta. “É o caso da Petrobras, que sofre um desmonte gradual. E a Caixa vem perdendo a participação na operação comercial”, disse, citando a redução no número de funcionários do banco como um exemplo do desmonte para a preparação da privatização.
“A Caixa é a gestora do FGTS, um dos dois maiores fundos públicos do Brasil, que está sendo desconstruído pelo governo através das mudanças nas regras dos saques. Precisamos denunciar porque o FGTS é que viabiliza o financiamento imobiliário”, acrescentou.
Desigualdade regional
Para mostrar o risco real da projeto de privatização dos bancos pelo ministro da Economia Paulo Guedes, Fausto citou a venda dos Correios, proposta que já foi aprovada na Câmara e agora vai para votação no Senado
“A população não compreende a privatização dos Correios, que chega no ‘fundão’ do Brasil. Só a BR Distribuidora chega nesses rincões. Assistimos que o crescimento novamente se concentra nos estados do sul do país. As empresas que estavam no Nordeste começam a realocar”, disse, revelando os riscos das privatizações para a distribuição regional das riquezas no país.