Terça, 11 Mai 2021 19:41
MESA PERMANENTE

Caixa decepciona e não atende a nenhuma das reivindicações dos empregados

Bancários ficam indignados com intransigência da direção da empresa. Nova negociação deverá ser marcada

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A mesa permanente de negociação entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) e a direção da Caixa Econômica Federal realizada de forma virtual na terça-feira, dia 11 de maio, começou com os representantes da empresa dizendo que o Acordo Coletivo de Trabalho foi integralmente cumprido pelo banco em relação à PLR (Participação nos Lucros e Resultados), o que não é verdade. O banco decepcionou os funcionários e não atendeu a nenhuma das reivindicações dos trabalhadores e disse que a participação nos lucros “foi em reconhecimento a toda dedicação dos empregados em 2020” e que extrapolou o que estava previsto na resolução 10/1995.
A representação dos empregados rebateu o argumento do banco e disse que a empresa não deu os devidos reconhecimento e valorização que os bancários merecem em relação à PLR.  

“Nós reivindicamos que a Caixa pague a diferença da PLR Social respeitando a Lei 10.101/2000 e a negociação coletiva. O Acordo Coletivo é bastante claro em dizer que a Caixa não se enquadra na limitação de 25% dos dividendos definida pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), mas sim na limitação definida no próprio acordo que é de 15% do lucro líquido ajustado”, explica o diretor do Sindicato do Rio e membro da CEE, Rogério Campanate.
O movimento sindical criticou a má vontade da empresa em solucionar a questão da PLR Social  no momento em que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães se gaba de produzir o maior lucro da história.

“Queremos uma saída negociada, mas se o banco continuar intransigente nós vamos buscar os direitos dos empregados na Justiça, se necessário”, acrescenta Campanate.

O banco pagou percentuais menores do que o estabelecido em acordo. A gestão do banco fez o pagamento da PLR Social com base na divisão linear entre todos os empregados de 3% do lucro líquido, e não de 4%, como determina o ACT vigente.

Covid-19: protocolos defasados

A CEE cobrou o cumprimento das ações de prevenção, saúde e segurança contra a Covid-19 e melhoria permanente dos protocolos. Na avaliação dos representantes dos empregados, os protocolos teriam de ser aperfeiçoados pois, os estão vigentes (de julho de 2020), estão defasados.
“O banco prioriza o cumprimento de metas e para isso, não aplica sequer os protocolos de prevenção necessários, colocando em risco a vida dos empregados. Cobramos o retorno do rodízio nas agências, a melhoria dos sistemas, a manutenção do home office, o foco no atendimento e não nas metas, higienização adequada e pagamento das horas extras. Os empregados não suportam mais a sobrecarga de trabalho e os riscos de contaminação”, disse Campanate. Os sindicalistas cobraram ainda que a direção da Caixa negocie junto ao Governo Federal a priorização dos empregados no Plano Nacional de Imunização (PNI).
Um dos poucos avanços reconhecidos pela CEE foi a instalação das barreiras acrílicas nas agências, após cobrança do movimento sindical.
Em relação aos produtos de limpeza para a higienização, o banco disse que são utilizados produtos homologados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para eliminar o coronavírus do ambiente e acrescentou que vai reforçar o comunicado às unidades em relação à estas medidas.

Riscos de contaminação

Sobre metas de visitação, em especial para os “gerentes PJ”, o banco ainda irá esclarecer nas próximas reuniões e ressaltou que “não existe qualquer orientação para retorno presencial de empregado do grupo de risco”.
“Para piorar, a Caixa assume deliberadamente o risco de contaminações ao forçar o trabalho presencial dos empregados que apresentam laudos médicos seus e de seus dependentes solicitando o direcionamento para o home office. Houve casos em que a solicitação do empregado para o direcionamento ao home Office, mesmo com apresentação de laudo médico, não foi acatada pela empresa, ocasionando óbito”, denuncia o dirigente sindical do Rio.   
O banco prometeu marcar uma nova reunião ainda este mês. para tratar especificamente dos protocolos contra a Covid-19.

Vacinação H1N1

A demora da Caixa para iniciar a vacinação contra a gripe também preocupa os funcionários. O banco informou que já está em processo de licitação para poder começar a imunização. O empregado que quiser pode antecipar a vacina em clínicas e laboratórios e solicitar reembolso até o dia 30 de julho. Para isso, a vacinação deve ser ministrada no período de 1º de março até 30 de junho deste ano. O valor do reembolso será feito pela conta salário e é limitado a R$ 95 ou ao valor pago, o que for de menor valor.
Os representantes dos trabalhadores questionaram a exclusão dos aposentados da campanha. A Caixa justificou que a vacina é destinada aos empregados da ativa como medida de prevenção relacionada à saúde e segurança do trabalho, argumento que não foi aceito pelos sindicalistas.

Teletrabalho e novas contratações

Sobre a proposta de teletrabalho, a representação da direção da Caixa disse que ainda não há uma data para apresentação, pois estaria “em tratativas internas”. Outra reivindicação cobrada no encontro foi a contratação de novos concursados para que o banco contrate mais funcionários a fim de reduzir a sobrecarga de trabalho nas unidades.

CPA-20

Os sindicalistas cobraram a ampliação do prazo para obtenção do CPA-20, que é uma exigência nova para a função dos GGRs. A data limite seria até 1º de julho.  A Caixa pediu que fosse encaminhado ofício para esta reivindicação.

Direito à paralisação

Outro tema da reunião foi a aplicação da falta não justificada aos empregados que participaram da paralisação no Dia do Basta, mobilização organizada pela categoria no dia 27 de abril. A paralisação foi confirmada por decisão judicial após a Caixa ingressar com pedido de Tutela Cautelar Antecedente no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A direção da empresa alegou que a paralisação era abusiva, mas o ministro do TST Maurício José Godinho indeferiu o pedido do banco, garantindo o direito de greve aos trabalhadores.
“É a direção da empresa quem levou a esta insatisfação dos empregados. Nada justifica este lançamento da Falta Não Justificada, que é pura retaliação do banco contra a organização da luta coletiva da categoria”, critica Campanate.
A Caixa disse que registrou o pedido feito pela CEE/Caixa de lançamento de “paralisação” para o dia 27, mas mantém a orientação inicial do banco de "falta não justificada".

Protestos

No mesmo dia da negociação, os empregados da Caixa realizaram um protesto nacional contra a postura intransigente da empresa em relação às demandas dos trabalhadores, como a PLR Social rebaixada, a ausência de protocolos eficientes para a prevenção da Covid-19 e o processo de desmonte da empresa, com a entrega da Seguridade, fatia lucrativa do banco público, para o mercado privado, como parte do projeto de privatização do Governo Bolsonaro. Além do Dia do Luto nas unidades, os bancários protestaram nas redes sociais.

 

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