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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal participou na última quinta-feira, dia 3 de dezembro, da primeira mesa de negociação permanente com a direção da empresa, desde a negociação coletiva que culminou com o Acordo Coletivo de Trabalho 2020-2022. Há várias pendências, o que gerou acúmulo das seguintes pautas a serem tratadas em um ano marcado por tantas mudanças: teletrabalho, banco de horas, contratações, reestruturação, metas adoecedoras, GT Saúde CAIXA, GT promoção por mérito, GDP, fórum regional de condições de trabalho e CR444, dentre outras.
Protesto contra reestruturação
A CEE iniciou a reunião com dois protestos: primeiro quanto à “reestruturação de natal”, que tem gerado insegurança e aumentado fortemente o nível de estresse dos empregados em diversas áreas, não só pelo momento inoportuno, mas pela absoluta falta de diálogo e transparência. A empresa não expressou qualquer garantia da manutenção de todas as funções de confiança. Outro protesto ocorreu em razão da inércia da direção da empresa em se posicionar em defesa da Caixa e de seus empregados quanto à infeliz charge que retratava os trabalhadores da empresa como um “bicho preguiça”, publicada no Jornal da Tarde, da Bahia.
“A Caixa diz o tempo todo que reconhece o esforço dos empregados, mas na prática sequer se posicionou em relação à charge”, cobrou o diretor do Sindicato do Rio e membro da CEE, Rogério Campanate.
Como ponto positivo do encontro, a empresa afirmou reconhecer a importância da negociação e manifestou esse reconhecimento através da participação de gestores de diversas áreas na mesa.
Teletrabalho
O primeiro assunto tratado foi o teletrabalho sendo que o registro da jornada de trabalho foi uma das principais demandas dos empregados levadas para a direção do banco, que também foram debatidas nos encontros estaduais e no Conecef (Congresso Nacional dos Empregados ). A empresa apresentou uma pesquisa de 2019 realizada com aproximadamente 11 mil empregados, quando ainda estava desenhando seu projeto de teletrabalho (praticamente um ano antes da pandemia), e nessa pesquisa a maioria havia sido favorável pela flexibilidade de jornada (sem registro de ponto). Logo em seguida apresentou outra pesquisa realizada este ano com quantidade semelhante de participantes, e ressaltou índices altíssimos de aprovação do home office. “É uma afirmação precipitada afirmar que os altos índices de aprovação sinalizam que os empregados aprovaram a falta de registro de jornada, já que sequer havia perguntas a esse respeito na pesquisa”, explica Campanate.
Os representantes da empresa disseram a direção da Caixa é contrária ao registro de ponto para empregados em home office e que esse registro não resolveria os abusos acerca da quantidade de horas trabalhadas. A CEE considera que o posicionamento contrário da empresa ficou claro ao sequer incluir na pesquisa esse questionamento e que a eficácia do registro de ponto eletrônico no controle dos abusos sobre a jornada ficou comprovada historicamente.
“Os gerentes gerais, que não batem ponto, só tiveram uma solução para esses abusos quando as agências passaram a ter horário de fechamento, o que obviamente não é possível no home Office”, exemplifica o sindicalista.
Pós-pandemia
O movimento sindical manifestou diversas outras preocupações dos trabalhadores, como a garantia de que o encaminhamento do empregado para essa modalidade seja realizado somente com a concordância do mesmo, a disponibilidade de espaços físicos para o trabalho presencial diante da entrega de tantos prédios ocupados pela empresa, a necessidade de uma ajuda de custos a exemplo do que vem sendo negociado com outros bancos, entre outros itens. Os representantes da Caixa deixaram claro que essa negociação se refere a teletrabalho em geral, e não apenas ao contingenciamento pandêmico, e apontou que o projeto remoto no modelo atual deve ser prorrogado até o dia 31 de janeiro de 2021.
Banco de horas
Em seguida apresentaram uma proposta para negociação de banco de horas.
“Estranhamente, o banco alega que as outras instituições financeiras já possuem acordos sobre bancos de horas apesar de se negar a negociar o registro de ponto no home office, também já sendo acordado exatamente pelos mesmo bancos, demonstrando, a exemplo da pesquisa que não indagou acerca do registro de ponto, que seleciona o tipo de informação que lhe é conveniente. Qualquer semelhança com o governo federal não é mera coincidência”, disse Rogério.
A CEE se comprometeu a estudar a proposta que, embora seja de interesse de muitos empregados, configura-se como o “início do fim” do pagamento de horas extras, que faz diferença a outros tantos trabalhadores.
Mais contratações
Os bancários defenderam ainda a necessidade de contratações de novos concursados, já que a situação da sobrecarga de trabalho se agravou com o PDV (Plano de Demissão Voluntário), reduzindo o quadro funcional.
Ficou muito claro para os empregados de que não há qualquer iniciativa da direção da empresa em contratar mais funcionários, sob o argumento da atipicidade do momento em que vivemos.
Sobre o PDV informaram que funções gerenciais serão mantidas, mas que parte das funções técnicas serão definitivamente recolhidas, não apresentando, no entanto, qualquer vínculo entre o PDV e a diminuição de atividades que ensejariam o recolhimento dessas funções. A CEE disse que é conveniente para a direção da empresa implementar uma reestruturação simultaneamente à reabertura do PDV, gerando uma “oportunidade” de pressionar o público alvo a aumentar o número de adesões, que ficou abaixo da metade da quantidade pretendida.
“Na reestruturação, mais uma vez, o comportamento da direção da empresa se assemelha ao do governo federal: o negacionismo. Áreas inteiras sendo remanejadas, extinção de unidades e/ou de funções, pessoas sendo realocadas, e os representantes da Caixa negam que haja uma reestruturação” disse o dirigente sindical.
Ruído na comunicação
Ao cobrar transparência, a CEE recebeu a resposta do banco de que os gestores teriam recebido as informações e o problema de comunicação, portanto, seria desses gestores e não da empresa.
“O Sindicato conversou com alguns gestores e a queixa principal era justamente a falta de informações ou informações desencontradas, as falhas de comunicação entre as vice-presidências da empresa também ficaram muito claras na mesa”, explica Campanate.
Falta de planejamento
Outro questionamento realizado pela CEE foi a respeito das evidentes deficiências de planejamento por parte da direção da empresa: sucessivas obras e mudanças e multas rescisórias de contratos de locação. No Rio, em um período aproximado de um ano houve mudanças da Barroso pro Passeio, do Passeio pro Aqwa e agora do Aqwa para outras unidades.
“Fizeram uma reestruturação no início do ano para desonerar as agências e criaram centralizadoras para tratar a inadimplência, e no último mês do ano atribuem novamente a inadimplência como item de meta pras agências. Essa falta de planejamento agrava o estresse já elevado em razão da sobrecarga de trabalho e do aumento das metas durante o mesmo exercício e diante da pandemia, o que adoece ainda mais os trabalhadores”, acrescenta.
Sobre os gastos com obras, mudanças e multas a área de logística o banco informou que foram realizados diversos estudos a respeito. “Só não explicaram como foram realizados estes estudos que levam tanto tempo para executar um processo tão atabalhoado. Sobre as metas, o silêncio da empresa”, afirma.
Promoção por Mérito
A Caixa se comprometeu a agendar para a próxima semana a reunião do GT Promoção por Mérito, assim como incluir a representação dos empregados nas discussões sobre a GDP (Gestão de Desempenho de Pessos).
“Nós sempre lutamos pelo fim da GDP, mas diante da intransigência da empresa é necessário participar da discussão para criar a possibilidade de tornar o sistema menos injusto e subjetivo”, justifica Rogério.
Também foi cobrado do banco o agendamento do GT Saúde Caixa, para o qual a empresa alega estar apenas finalizando algumas formalidades.
Os representantes da empresa fizeram ainda uma apresentação acerca do CR444, mas não houve tempo para o debate por haver expirado o tempo da reunião. A CEE solicitou que seja agendada nova mesa para debater as demais pautas e aprofundar os debates já iniciados, mas desde já alerta que os trabalhadores precisam se proteger e não ceder à imposição de metas sem o devido respaldo normativo, pois a apuração da qualidade de vendas pela empresa pode ensejar a abertura de processos disciplinares. Desta forma, o atingimento de metas sem os devidos cuidados em razão da preocupação com a manutenção da função de confiança pode acarretar até mesmo na perda do emprego.