Sexta, 04 Dezembro 2020 07:36

MP que facilita privatização na Caixa caducou, mas defesa do banco público continua

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A Medida Provisória (MP) 995/2020, editada em agosto deste ano pelo governo Bolsonaro e que permite à Caixa criar novas subsidiárias, com abertura de capital próprio, caducou na última quinta-feira, dia 3 de dezembro. Como não foi votada em tempo hábil pelo Congresso, a MP perdeu a validade.

Na avaliação do movimento sindical, o fim da MP foi uma vitória, entretanto, a proposta já teve efeitos negativos, pois a Caixa, que já tinha criado subsidiárias, usou o período de vigência da medida para legalizá-las.

“Embora represente uma vitória das entidades e dos empregados, a MP trouxe consequências enquanto durou. O governo continuará insistindo na venda de ativos do banco, favorecendo a privatização”, afirma a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano.

Esta é a segunda vitória importante dos sindicatos contra o projeto privatista do governo. A primeira foi nossa campanha contra o Projeto de Lei do Senado 555, que permitia que a Caixa se tornasse uma empresa S.A..

“A categoria bancária precisa estar atenta e entender que a nossa batalha contra a privatização dos bancos públicos vai continuar, pois o ministro Paulo Guedes, que só atende aos interesses dos bancos privados e especuladores, vai continuar tentando vender todo o patrimônio público e destruir o estado social. A população percebeu a importância da Caixa na execução do pagamento do auxílio e FGTS emergencial e ficou muito claro que as instituições privadas não têm nenhum compromisso social e não estão nem aí para os trabalhadores”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Paulo Matileti, que defendeu ainda a preservação dos direitos dos empregados da Caixa. Segundo pesquisas de opinião, pelo menos 60% da população é contra a privatização da Caixa.

“A direção da Caixa precisa valorizar seus empregados, que são tão heróis como os profissionais da saúde, pois também colocaram suas vidas em risco para garantir os programas de distribuição de renda neste momento de crise sanitária e econômica”, acrescenta.

Desmonte

Na avaliação do Sindicato, o processo de reestruturação que pegou os empregados da Caixa de surpresa é, na verdade, um desmonte da empresa para facilitar uma possível privatização. Cerca de 170 imóveis não terão seus aluguéis renovados e outros prédios serão vendidos, como é o caso da sede da Almirante Barroso, no Rio de Janeiro. A situação tem gerado muita insegurança entre os funcionários, pois muitos empregados chegaram para trabalhar já com o aviso de mudança, sem saber para onde seriam transferidos, tudo feito sem nenhuma negociação cm os trabalhadores.

"A Caixa afirma que está se adequando as evoluções do mercado com essa reestruturação, porém, nós sabemos que esse governo está fazendo um desmonte da empresa para depois vender o banco a preço de banana ao capital privado" explica Matileti, convocando todos os bancários para intensificar a mobilização a fim de impedir essas medidas prejudiciais ao desenvolvimento social do país.

Os sindicatos denunciam ainda que nada tem sido feito com planejamento pela direção da empresa e não há sequer informação oficial sobre as mudanças. “Tudo parece ser realizado de forma a pegar os empregados desprevenidos para que não haja uma reação coletiva contra as mudanças. Mas os sindicatos continuarão denunciando à sociedade o projeto privatista do ministro Paulo Guedes”, destaca Matileti.

 

 

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