Sexta, 27 Novembro 2020 21:21

Caixa: banco digital com novo CNPJ tem cheiro de privatização fatiada

Paulo Matileti, vice-presidente do Sindicato, disse que o projeto de privatização do governo ameaça o emprego dos bancários e o papel social da Caixa Paulo Matileti, vice-presidente do Sindicato, disse que o projeto de privatização do governo ameaça o emprego dos bancários e o papel social da Caixa Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A direção da Caixa Econômica Federal espera ter seu banco digital pronto e entregue à Bolsa de Valores em seis meses. O processo de criação e operacionalização do aplicativo para o pagamento do auxílio e do FGTS Emergencial funcionou como experimento e teria acelerado a criação do novo sistema. A informação foi dada pelo presidente do Banco, Pedro Guimarães, à imprensa.

Mas o vice-presidente do Sindicato suspeita que o projeto poderá ser mais um  fatiamento da empresa para um possível processo de privatização.

“Não somos contra a tecnologia. Mas a nossa preocupação é quanto ao futuro do emprego dos funcionários e ao papel social que somente um banco público é capaz de exercer. Esta decisão de criar um CNPJ separado para o banco digital e a abertura de capital para ser negociado no mercado de ações tem cheiro de privatização, através do fatiamento da empresa, realizado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, que tem toda a sua vida a serviço dos interesses privados, já disse publicamente, várias vezes, que pretende privatizar tudo. Guedes e este governo não têm nenhuma preocupação social e muito menos com o bem-estar do trabalhador”, alerta o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Paulo Matileti.  

Sem debate interno

Rita Serrano, representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, também demonstrou preocupação para com o novo projeto e o fato de o presidente da empresa anunciar a novidade sem discutir internamente a proposta.  

“Acho muito ruim que a direção do banco dê como fato consumado o projeto divulgando para a opinião pública antes de discutir o tema internamente, sem sequer levar a proposta para os órgãos de governância da empresa para debater e somente então, aprovar ou rejeitar”, explica.

Segundo Rita, o banco digital seria mais uma subsidiária, como várias criadas nas áreas de seguros, cartões, loterias e fundos de investimentos.

“O banco teve de dar um salto em tecnologia para viabilizar o pagamento do auxílio emergencial e para criar as poupanças digitais. As transações chegaram a quase 80% das operações. Há instituições financeiras que nasceram digitais e os grandes bancos privados criaram plataformas digitais para atrair o público mais jovem. No caso da Caixa é muito diferente. Não é criar um segmento novo para concorrer, mas sim como se fosse uma cisão para a subsidiária executar esta tarefa. Na verdade, o governo sabe que há resistências no Congresso Nacional, além do banco ter em seu papel social aprovado pela população nesta pandemia, por isso, busca fatiar a instituição para privatizá-la.

Investimento público

Rita lembra ainda que a Caixa conseguiu os avanços tecnológicos para viabilizar os programas de distribuição de renda sem um centavo de investimento privado.

“Após grande investimento público para criar os meios tecnológicos no banco, o governo quer repassar tudo para subsidiária”, disse. Se o estado brasileiro não tivesse banco público, o auxílio emergencial poderia ser pago como nos EUA, cujo sistema financeiro é todo privado. Por lá a ajuda foi paga através de cheques, um retrocesso”, explica, convocando a categoria bancária e toda a população para lutar contra o projeto privatista do governo.

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