Quinta, 30 Julho 2020 23:12
CAMPANHA NACIONAL

Empregados lutam pelo Saúde Caixa para todos mantendo o modelo sustentável

Empregados participaram da live desta quinta-feira (30) organizada pela Contraf-CUT e Fenae, debatendo temas relacionados ao Saúde Caixa Empregados participaram da live desta quinta-feira (30) organizada pela Contraf-CUT e Fenae, debatendo temas relacionados ao Saúde Caixa

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Garantir o Saúde Caixa para todos os empregados ativos e aposentados e manter o atual modelo solidário e sustentável, uma das principais bandeiras de luta aprovada no 36º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal), foi o tema da live organizada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e pela Fenae (Federação Nacional do Pessoal da Caixa), na última quinta-feira, dia 30 de julho.

Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa), abriu o debate lembrando que o Saúde Caixa é uma conquista histórica da categoria e que o modelo consolidado em 2004 é uma solução para os funcionários do banco, fruto de lutas, greves e negociações dos trabalhadores.

“Tanto o mutualismo quanto a solidariedade do plano fazem com que os que podem mais, participam com mais, num pacto geracional que permite a quem envelhece não ter que pagar mais por isso”, explica, diferenciando a qualidade do sistema conquistado pelos empregados em relação ao aspecto individualista dos planos de saúde privados, cada vez mais caros e inviáveis. Lembrou que a grande preocupação hoje em relação à crise sanitária gerada pela pandemia fez com que todos se preocupassem ainda mais com questões relacionadas à assistência de saúde.

“Nós queremos manter os nossos direitos, o nosso Saúde Caixa da forma atual e para manter a sustentabilidade do plano temos que acabar com a imposição que a direção da Caixa fez em seu estatuto em dezembro de 2017, que foi o teto dos gastos da empresa em 6,5% e a CGPAR-23 (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União) que limitou a entrada de novos beneficários”, acrescenta.

Sem diálogo com trabalhadores

Dionísio destacou ainda a unidade do 36º Conecef em torno do “Saúde Caixa para todos”, ressaltando que foi essa mobilização e unidade que garantiu no acordo de 2018 a manutenção do atual modelo e a não aplicação do teto de 6,5% da empresa até 2020.

“Não queremos o modelo que a direção da Caixa tenta impor, que vai encarecer o plano, dificultando de o trabalhador pagar em 2021 e inviabilizando de vez a partir de 2023.”, disse defendendo ainda que a Caixa dialogue com os principais fóruns de representação dos trabalhadores, como o conselho eleito de usuários e o Grupo de Trabalho antes de definir os relatórios do Saúde Caixa.   

Críticas à individualização

Zuleida Martins Rosa, coordenadora do Conselho de Usuários disse que a direção da Caixa não tem respeitado o fórum e que a empresa apresentou um relatório administrativo incompleto e inconsistente na rede sem qualquer diálogo com as entidades representativas dos trabalhadores.

“A Caixa apresenta opções para os empregados sem ouvir a Contraf-CUT e a Comissão Executiva dos Empregados e tem feito uma pegadinha nas lives exigindo que os empregados abram mão do modelo “70 (empresa) a 30 (beneficiários) e aceite a individualização das mensalidades para que os novos funcionários possam entrar no plano”, declarou, ressaltando que o movimento sindical não aceita estas exigências.

Zuleida lembra que nem sempre é o idoso que torna o plano de saúde mais caro. “Pessoas novas estão com problemas de saúde, que não é uma exclusividade dos mais velhos, fruto da forma com que estão trabalhando no banco, com aumento da cobrança de metas. Disse que a situação da atual pandemia faz com que os empregados sejam obrigados a "flertar com o risco de morte" e acrescenta que, "quem foi infectado e sobreviveu fica ainda com sequelas respiratórias”.  

Criticou duramente a intenção do banco de individualizar a contribuição dos trabalhadores.

“Individualizar a participação inviabiliza o plano porque com os salários achatados da categoria e a inflação médica crescente nem os novos e nem os mais velhos vão poder continuar com o plano. Temos que bater pé neste modelo 70 a 30 e garantir a entrada dos novos bancários para dar fôlego ao plano”, concluiu.     

Plano é referência

O médico Albucacis de Castro Pereira, gestor na área de saúde e consultor da Fenae, considera o Saúde Caixa um excepcional plano de saúde e uma referência, pois garante toda a cobertura ambulatorial, de exames complementares, internação, obstetrícia e odontologia.

“O atual modelo de 70% de custo da Caixa e 30% dos empregados, sendo que as despesas administrativas e tributárias são mantidas pela empresa sempre foi superavitário”, afirmou, destacando a importância da participação dos trabalhadores na manutenção da qualidade do plano.

Hoje a forma de pagamento é de 2% do salário dos empregados, com teto anual de R$2.400 dos beneficiários e R$110 dos beneficiários indiretos.  Lembrou que os bancários e a representação sindical nunca negaram a necessidade de reajustar a contribuição quando houver um déficit, desde que mantido o atual modelo.

“Hoje com 287 mil beneficiários, cerca de 5% vai gastar em torno de 45% de tudo o que contribuiu mensalmente e 45% vai utilizar normalmente o plano garantindo a sustentabilidade, já que o sistema não visa o lucro. Temos 21% acima de 59 anos, mas também 21% de 0 a 18 anos. Por isso temos uma utilização menor”, disse, confirmando que a entrada de novos beneficiários garante a “oxigenação” do plano.    

Destacou ainda o aspecto solidário que faz com que todos paguem o mesmo percentual, mas quem ganha mais acaba contribuindo mais em valor nominal.

“O Saúde Caixa tem a universalidade, deve ser garantido para todos”, declarou, criticando também a decisão imposta pelo CGPAR-23, que limitou a inclusão de novos funcionários, o que resultará no encarecimento das contribuições pagas pelos trabalhadores.

Fabiana Uehara Proscholdt, dirigente da Contraf-CUT, membro do CEE-Caixa e coordenadora do CT Saúde, também confirmou a necessidade de a categoria lutar pelo ingresso de novos beneficiários, que permitirá a capitalização necessária do sistema.

“O cenário de 2018 era da resolução da CGPAR que limitou a entrada de novos funcionários e do teto de participação da Caixa no estatuto e nós conseguimos a manutenção do atual modelo até 2020. Nossa luta agora é a de mobilizar todos os empregados e unir forças para manter a forma de custeio e os nossos direitos contra todos os retrocessos que estamos tendo com o atual governo. A direção da Caixa quer reduzir gastos em cima dos direitos dos trabalhadores”, afirmou.

Mídia