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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O economista Eduardo Moreira conhece bem de perto como funciona o sistema financeiro nacional. Ele foi sócio de um banco privado, além de já ter trabalhado como funcionário em uma instituição financeira. Moreira elogiou o que ele chama de “pertencimento” dos empregados em relação à Caixa Econômica Federal, o que ele não verificou em outras empresas do setor em sua participação no 36º Concecef, realizado neste sábado, dia 11 de julho.
“Admiro este senso dos funcionários de que a Caixa é nossa, não apenas dos trabalhadores do banco, mas de todos os brasileiros”, disse, destacando o sentido da origem da palavra ‘servidor’, como um sacerdócio.
Papel dos bancos públicos
Explicou que o Estado é equivocadamente visto como um “ente ineficiente, corrupto e lento” e que isto é criado propositalmente pelas classes dominantres.
“O Estado tem como função organizar a nossa convivência social e a economia, que significa “gestão da casa”, ele não lucra e nem gasta, mas tira o dinheiro das pessoas, toda a riqueza gerada e a questão é como o Estado redistribui esta riqueza que é acumulada especialmente através dos impostos”, explica.
O especialista disse que o importante é saber quais os legados que o Estado devolve para a sociedade com esta distribuição da riqueza que ele acumula com impostos.
“Se os gestores do Estado pegarem R$1 bilhão e distribuírem R$1 mil para um milhão de pessoas este dinheiro vai gerar um legado de conceder maior dignidade para estes indivíduos, que terão possibilidade de gerar novas riquezas que retornam para a economia. Cada real gasto com o programa Bolsa Família volta para o ciclo econômico. Mas se este volume de dinheiro é aplicado para pagar juros das dívidas aos bancos, não fica nenhum legado, o dinheiro não volta para a máquina econômica”, exemplifica em crítica à política econômica rentista, especulativa, que domina o Brasil há 30 ou 40 anos. Citou outro exemplo, o dos gastos com médicos, engenheiros, professores, bancários, que além de melhorarem as condições de vida das pessoas com serviços, estes salários também fazem girar a roda da economia.
“No Brasil, o sistema financeiro freia a economia. Se a sociedade só consome, mas não gera riqueza, o sistema entra em colapso. É preciso pensar como gerar e gerir toda a riqueza produzida. Quem tem excesso de riqueza pode transferir parte dela para quem não tem nada para gerar novas riquezas, com a devolução do que lhe foi emprestado. É isso que fazem os países mais desenvolvidos e é assim que deve funcionar o sistema financeiro. Mas, no Brasil a nova riqueza gerada não dá para pagar nem mesmo os empréstimos”, acrescenta o palestrante, em crítica aos maiores juros do planeta praticados pelos bancos do sistema financeiro nacional.
Eduardo disse ainda que somente o Estado pode, através dos bancos públicos, destravar este paradigma e injetar investimentos no setor produtivo contra a lógica especulativa que faz com que os bancos acumulem riqueza e tenham mais poder político sobre os destinos da economia do país.
“Não é só bom e importante o Brasil ter bancos públicos. Mas é fundamental para gerar riqueza, progresso e dignidade para todas as pessoas. A possibilidade de chegar dinheiro para quem mais precisa na atual crise só é possível porque temos um banco como a Caixa. Não basta apenas não privatizar. É preciso ampliar a presença e o atendimento do banco estatal em relação ao que a instituição realiza hoje”, conclui.